quarta-feira, 7 de julho de 2010
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sexta-feira, 1 de maio de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
MAYDAY-2009*: "NÃO PAGAREMOS PELA CRISE DELES!"
Convocação de primavera
A norma é precarização, trabalho temporário, baixos salários, desemprego.
Arame farpado, uniformes e soldados, que protegem a Europa-fortaleza, excluindo e perseguindo milhares de homens, mulheres e crianças.
Polícias e exércitos estão nas ruas, com suas câmeras e helicópteros.
O controle está por toda parte, leis antiterrorismo são usadas para legitimar a repressão.
A mídia mantém tampado o caldeirão que já começa a ferver e explodir por todos os lados.
Ao mesmo tempo, a mídia faz o que pode para nos convencer a não parar de consumir.
A serpente já está comendo o próprio rabo.
Nossos irmãos e irmãs do sul estão pagando a conta; e nós também pagamos. As espécies de animais que vão sendo extintas indicam o futuro que espera as novas gerações. E, ao mesmo tempo, os bancos jogam pela janela os nossos bilhões...
Vivemos grandes tempos! A crise, a crise, a crise, ouve-se o mesmo refrão por todo o planeta.Que crise?
Os economistas anunciam o fim do neoliberalismo. Depois de anos de NHVA – Não Há Via Alternativa –, agradecemos aos bancos por terem exposto a grande revelação: o dinheiro NÃO É o problema. Tudo é possível. Ou nos escondemos, ou lutamos.
Um novo contrato social, alienação cada vez maior, cada vez mais exploração, cada vez mais precariedade em todos os campos da vida.
Administrar a precariedade não é um desastre.
Viver em precariedade é viver em permanente crise.
A crise DELES só é novidade para ELES.
A crise é uma grande onda: ou você sabe surfar, ou você corre o risco de afogar-se.
Em resumo: nossas lutas acontecem na vida de todos os dias.
Nossas brechas atravessam fronteiras nacionais, contratos sociais e barreiras de gênero.
Nossas batalhas são visíveis. As demandas sociais são evidentes. Ou não?
Falamos à Europa e anunciamos ao mundo: queremos surfar e é nossa vez de surfar a onda.
De 30 de abril a 1º de maio, retomaremos o poder, voltaremos a ter toda nossa criatividade, em nosso ritmo rápido. Nós e todos que queiram vir conosco.
Os bancos estão em toda parte, dominando a vida, mesmo que sejam mortos, não-vivos. O mercado de ações já demonstrou que a queda de uma única carta pode derrubar todo o castelo.
* Para saber mais sobre o movimento MAYDAY-2009, ver: http://www.immigrantsolidarity.org/MayDay2009/
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quinta-feira, 16 de abril de 2009
Tá rinDo dE Que?

Hoje há liberdade de imprensa, que Deus mantenha!!! Alguns órgãos da imprensa é que precisam rever seus conceitos, estudar análise de discurso e ler "A arte de ter razão", pois eles não tem razão não.
Um exemplo corriqueiro, uma capa de revista sobre o jogador Robinho de certa revista de circulação nacional. Há uma análise da revista Cult que mostra como há manipulação da imagem e do texto que o infantiliza, julga, condena, cito pois concordo com a análise citada. E me incomodam profundamente, os artigos que abordam os assuntos e se refrem as pessoas com humor que achincalha, como se todos amassem o casseta e planeta, como se tudo pudesse ser tratado com este tipo de humor... Muitos destes órgãos tratam as pessoas abordadas em seus artigos ridicularizando-as, desrespeitando-as. A estratégia é de antemão reduzir, desqualificar o adversário, o antagonista, o julgado. No fim é o que se torna o referido ou referente mais que um objeto da notícia um "outro" (do outro lado). O alívio é que ninguém "lê tanta notícia"...
Mas chega de falar disso, como diz Deleuze é melhor ser um varredor do que um juiz,,,
terça-feira, 31 de março de 2009
A metrópole e a revolução
terça-feira, 10 de março de 2009
O Estado e a Banheira
Me responde por favor, eu sou burra, eu não leio a PIG, acho Diogo Mainardi irrelevante, leio Miriam Leitão (respeito, parece que ela pensa antes de falar, e não apenas deixa destilar seus ódios), então me responda como seu tivesse 5 anos e não sei mesmo nada de economia.
Se o Estado fosse encolhido a ponto de ser afogado numa banheira, quem ou o que usaria o dinheiro do povo neste momento para salvar os banqueiros?
Ps: PH Amorim inventou a sigla PIG, bem apropriada para uma agenda jornalística que tenta manipular editando fatos, editando dados, editando falas... prefiro contemplar arte, ler literatura ou blogs de esquerda, são reativos contudo destilam menos veneno e me dão a impressão que eu tenho ainda 20 anos...
E amo o Lula (amor antigo, não vejo problema nenhum dele gostar de lençóis egipcios) e gosto do Obama, mas não confio em político nenhum. No entanto, enquanto o Obama for um viralata ele vai merecer o céu do meu coração...
Intuições de quem não sabe de nada de política, se eu tivesse um filho e ele decidisse ser político profissional ele me mataria de vergonha. Mas porque detesto esta política de partidos e púlpitos, corredores escuros, porque hj não se tem mais adversários mas aliados ou não? O que proximidades com Sarney, Calheiros trazem? Para responder isso nem preciso ser inteligente, a "vida" responde, cria o ambiente propício para profileração de agnetes ruins, traz Collor de volta... Há momentos em que os fins não justicam os meios,,, sempre os meios justificam-se por si, se não ganhar a parada pelo menos esteve em boa companhia...
Eu não sou tão burra a ponto de acreditar que o neoliberalismo acabou, mas que seria mais divertido seria...
Obama não é Lula…
Escrito por Imprensa, postado em 27 de fevereiro de 2009
PH Amorim
Saiu no Financial Times sobre o discurso de Obama, o “Estado da União”, no Congresso, cujo tema foi “a América vai sair dessa ainda mais forte!”:
“O discurso foi mais reaganesco do que uma simples manifestação de otimismo. Reagan mudou o paradigma da política americana ao dizer acabou a era do Estado grande”.
Obama também pretende mudar o paradigma, quando diz “chegou o dia do acerto de contas”, e “está na hora de assumir o controle do futuro”.
Acabou a era do neoliberalismo. Se Pinochet (o dos “Chicago Boys”), Thatcher, Reagan e Fernando Henrique - nessa ordem cronológica e de relevância histórica - merecem ser enterrados no mesmo buraco em que afundou o Muro de Berlim - a imagem é de Arianna Huffington - chegou a vez de o Estado intervir para tirar a economia da crise.
Acabou a Era do Estado Pequeno, diria Reagan. Ou, como diria um reaganesco: precisamos tornar o Estado tão pequeno que seja possível afogá-lo numa banheira …
Obama não saiu do trilho desde que chegou. O que ele faz está lá, na campanha. Ele não lançou nenhuma “Carta aos Brasileiros”, para poder ser engolido pelos neoliberais.
Pesquisa do New York Times e da CBS mostra que a popularidade de Obama está em 77%. A pesquisa do Washington Post e da ABC mostra que a popularidade do Obama está em 68% (maior do que a Reagan, neste momento do mandato). Mas, isso, caro amigo navegante, é porque os americanos não leem o PiG (*).
Porque o PiG (*) e seus colonistas (**) adotaram duas atitudes em relação ao Governo Obama: 1) não levam Obama a sério, como a Miriam Leitão, que acha que ele está mais para bloco sujo do que para escola de samba; ou 2) pintam a crise americana com um alarme e um desespero que não se encontra na imprensa americana.
Na tentativa desesperada de derrubar o presidente Lula, o PiG tentou fazer com que o camarote do Presidente Lula na Sapucaí caísse sob o peso da queda das ações do Citibank.
Em tempo: quem foi ovacionado no Sambódromo de São Paulo foram Zé Pedágio e Gilberto Taxab. Como diz o Conversa Afiada: é mais fácil o Vesgo do Pânico ser Presidente da República do que o Zé Pedágio. E se continuar assim, ele não se re-elege governador de São Paulo. Vai ser o editorialista (de todos os assuntos) da Folha (***)
Em tempo 2: Obama mandou rever todos os contratos de empreiteiros americanos no Iraque. É como se o Zé Pedágio - se fosse o que o PiG diz que ele é - revisse o contrato dos empreiteiros que a abriram a cratera do metrô.
(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político - o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) colonistas. Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (*) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(***)Já estava na hora de a Folha tirar os cães de guarda do armário e confessar que foi “Cão de Guarda” do regime militar. Instigado pelo Azenha - clique aqui para ir ao Viomundo - acabei de ler o excelente livro “Cães de Guarda - jornalistas e censores do AI-5 à Constituição de 1989″, de Beatriz Kushnir, Boitempo Editorial, que trata das relações especiais da Folha (e a Folha da Tarde) com a repressão dos anos militares. Octavio Frias Filho, publisher da Folha (da Tarde), não quis dar entrevista a Kushnir.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
O sobrevivente
"Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta muito para atingirmos um nível razoável de cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.
Os homens não melhoram e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.
(Desconfio que escrevi um poema.)"
sábado, 21 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
O outro lado da crise, querem lucrar com ela

domingo, 1 de fevereiro de 2009
Para não dizer que não falei de flores

Samih Al-Qassin, in Poesia Palestina de Combate

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Carta de uma jornalista de Gaza
Rami Almeghari, da Faixa de Gaza ocupada, Palestina, 4/1/2009
(em http://electronicintifada.net/v2/article10116.shtml)
Prossegue pelo oitavo dia o incansável bombardeio de Israel na Faixa de Gaza. Pelo Skype, Rami Almeghari, correspondente da Electronic Intifada, conta como segue a vida, no início da noite de domingo, em Gaza.
Minha família é da vila de Karatiya, a poucos quilômetros da Faixa de Gaza, em território hoje ocupado por Israel. Karatiya é uma das 450 cidades da Palestina história que sofreu limpeza étnica das milícias sionistas em 1948. Minha família, como centenas de milhares de outras famílias palestinenses, perdeu tudo.
Moro hoje no campo de refugiados de Maghazi, na Faixa de Gaza, que nesse momento está sob bombardeio dos tanques de Israel, na linha da fronteira, pelos F-16s fabricados nos EUA, pelo ar, e pelo mar. Ontem, o exército de Israel entrou na Faixa de Gaza e há combates na parte norte da Faixa e a leste da cidade de Gaza.
Acabo de ligar o computador, porque agora há eletricidade aqui. Passamos sem luz quase todo o dia. Tento usar o gerador, mas o combustível está no fim. Logo sairei do ar; é terrível, para uma jornalista não ter meios para escrever.
Onde estou não ouço sinal de combates, pelo menos até agora. Os jornalistas não conseguem obter informação, porque é perigoso demais e tudo é proibido.
Há notícias de muitos mortos e feridos no norte da Faixa. A imprensa israelense comunicou a morte de um soldado. Há resistência, mais do que se diz que os israelenses esperavam. O governo do Hamás, afinal, vive sob ataque há já quase dois anos e meio.
Na região leste de Gaza houve combates em Shajaiyeh, a leste da cidade de Gaza. O exército parece ter mesmo dividido a cidade em duas áreas, como testemunhas confirmaram. Os tanques avançaram mais rapidamente hoje, que ontem, e parece que há tantes na colônia israelense de Netzarim, ao sul. Cai a noite e a luta continua. (...)
Uma casa foi destruída no ataque dos aviões em al-Tuffah, perto da cidade de Gaza. Hoje, Israel bombardeou o mercado popular de Firaz, perto do prédio da prefeitura da cidade de Gaza.
Há notícias de que os israelenses estariam usando armas ou munição radioativa. Os médicos e os paramédicos falam de queimaduras, abrasões e fraturas nos feridos e nos mortos que são condizentes com esse tipo de munição cujo uso é expressamente proibido pelas leis e convenções internacionais.
Saí um pouco hoje cedo, para tentar comprar alguma coisa e falar com alguém – o mesmo que todos estão tentando fazer por aqui. As estradas principais estão quase completamente desertas, nem carros nem pessoas. Todos ficam em casa, assustados. Só se sai, mesmo, em caso de emergência.
Meus vizinhos estão calmos. De fato, não há para onde ir nem o que fazer. Mas não vejo sinais de pânico nem de desespero. O que se ouve é que ninguém pensa em fugir ou em abandonar as casas, e que ficaremos onde estamos, mesmo que Israel chegue e destrua tudo. As pessoas que moram aqui são refugiados que perderam suas casas há 60 anos e estão passando por uma experiência que conhecem bem. Sabem que Israel preferiria que eles não existissem, e que espera que todos se mudem espontaneamente para o Egito ou para a Jordânia. Os refugiados sabem disso e já aprenderam que ficar onde estão é um modo de resistir.
Uma das minhas vizinhas disse que mesmo que Gaza seja destruída completamente, há milhões de palestinenses que continuarão a lutar contra a ocupação. Não digo isso para parecer emocional ou sentimental. Ouço isso por toda parte. Todos estão assustados, têm medo de morrer, mas pensam também como grupo, como povo. Parece mentira, mas é verdade.
Muitos tiveram notícias de que há manifestações em todo o mundo. Que se fala mais da Palestina hoje, do que das outras vezes. Todos confiam em que haja luz no fim desse túnel. Ao mesmo tempo, todos falam mal dos políticos e dos governantes que ouvem falar na televisão. Sentem-se ofendidos.
Rami Almeghari colabora para a Electronic Intifada, IMEMC.org, para a Free Speech Radio News
e é professora adjunta de Mídia e Tradução Política na Universidade Islâmica em Gaza.
Foi tradutora-chefe de inglês e editora-chefe do Centro Internacional de Imprensa do Serviço Palestinense de Informações, em Gaza.
Recebe e-mails em rami_almeghari@hotmail.com .
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
GAZA: STOP THE BLOODSHED, TIME FOR PEACE
Esta mensagem foi enviada por Othman Jamil عثمان جميل.
Abaixo assinado ver em AVAAZ.ORG
http://www.avaaz.org/en/gaza_time_for_peace/?cl=161828480&v=2606
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
As aulas são quase toda minha vida...
"As aulas foram uma parte da minha vida, eu as dei com paixão. Não são de modo algum como as conferências, porque implicam uma longa duração, e um público relativamente constante, às vezes durante vários anos. É como um laboratório de pesquisas: dá-se um curso sobre aquilo que se busca e não sobre o que se sabe. É preciso muito tempo de preparação para obter alguns minutos de inspiração. Fiquei satisfeito em parar quando vi que precisava preparar mais e mais para ter uma inspiração mais dolorosa [...] Um curso é uma espécie de Sprechgesang [canto falado], mais próximo da música que do teatro. Nada se opõe, em princípio, a que um curso seja um pouco até como um concerto de rock."
domingo, 9 de novembro de 2008
WE WON'T PAY FOR YOUR CRISIS!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Interstícios urbanos
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=38&id=464
Reportagem Interstícios urbanos
Por Marina Mezzacappa
Colaboração: Enio Rodrigo
A noção de vazio é inerente à atividade do arquiteto, profissional que trabalha justamente a ocupação construtiva desses espaços vagos. Na concepção de projetos arquitetônicos, além de pensar a materialidade das construções, ele se debruça também sobre os hiatos que em meio a ela se fazem necessários. “O arquiteto compõe o espaço como uma música, com sons cheios e silêncios vazios. Esses dois elementos têm que dialogar”, compara a arquiteta alemã Anja Pratschke, professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos. Nesse sentido, o vazio não é um área sem definição, mas sim a contrapartida do cheio. “O vazio que os arquitetos pensaram e pensam é o vazio típico do que chamamos ‘interior' e sempre foi um espaço completo, com uma finalidade, uma função, um ‘vazio preparado', arquitetado para uma ocupação”, explica Fernando Freitas Fuão, docente da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Alguns vazios, contudo, são pensados para se manterem como tal. No seu processo de criação, podem ter diversos sentidos. “Os pontos de partida para esses vazios podem ser filosóficos, históricos, de compreensão do espaço”, elenca Pratschke. Ela cita dois exemplos, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu Judaico de Berlim. No caso brasileiro, o terreno que abrigava o mirante do belvedere do Parque Trianon foi doado para a construção do Masp com a condição de que a vista que ele proporcionava fosse preservada. Assim, a arquiteta Lina Bo Bardi desenhou, em 1958, o vão livre de 74 metros que deu origem a uma praça coberta entre os andares superiores e inferiores do museu. Hoje, quarenta anos após sua inauguração, as transformações da cidade encobriram parte da vista original, mas o espaço adquiriu novos significados. “É como um respiro. Você tem todo o movimento na avenida Paulista contrapondo-se a esse vão que está vazio”, reflete Pratschke.
No caso do Museu Judaico de Berlim, projetado por Daniel Libeskind, os vazios foram estruturados para representar a ausência dos judeus, expurgados da cidade por ocasião do Holocausto. “Ele deixa o vazio para te convidar a refletir sobre uma coisa que não esta resolvida”, explica a pesquisadora.
Com a modernidade, novos significados foram atribuídos ao vazio. O urbanismo modernista troca os espaços confinados pelos grandes espaços livres e grandes avenidas, propondo cidades abertas. Surge a idéia do espaço público, aberto, como o lugar do grande vazio, mas também do encontro, do evento. Clara Luiza Miranda, arquiteta da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), cita a Praça dos Três Poderes, em Brasília, como um dos ícones desse movimento. “É fato que a multidão esperada para a praça ainda não teve seu tempo”, lamenta. Em contraponto, a praça contemporânea preocupa-se em recuperar o sentido de urbanidade, resgatando os espaços das praças histórias e seu sentido de pertencimento.
Fissuras nas cidades
Também, na concepção das cidades, a questão do vazio se impõe enquanto dialética entre espaços construídos e espaços não-construídos (ou desconstruídos, esvaziados). “A relação entre cheios e vazios em uma cidade se iguala e se faz tão importante quanto em uma obra de arte, quando quer o artista fazê-la compreensível e assimilável”, compara Dias. Mas, atualmente, essa contraposição fica dificultada, já que as cidades transformaram-se em massas excessivamente construídas e são escassas as áreas não edificadas, livres de concreto e ferro. “Desde a metrópole, a multidão e, agora, a mega-cidade, o vazio se torna uma matéria rara, que incorpora não apenas o sentido físico e econômico, mas de lugar de memória, existencial, estético, essencial ao repouso, à desaceleração, à síncope do tempo”, avalia Miranda.
À medida que os cidadãos só conseguem ou podem se relacionar com espaços construídos, os espaços públicos são entregues à decadência e à marginalidade e reafirma-se a cidade como uma soma de espaços privados, segmentados e limitados por paredes, alambrados e cercas elétricas. “O medo do espaço amplo externo (agorafobia) burguês se dirige, no caso do homem contemporâneo, ao espaço vazio, aos interstícios, instalando, então, espaços contenedores controlados por uma variedade de dispositivos de segurança”, diz a arquiteta da Ufes. A cidadania é reduzida à capacidade de possuir um imóvel.
A lógica de empreendedorismo e utilitarismo impede que, ao invés da construção de edifícios, cultive-se um pomar, uma horta ou um jardim nos locais ainda vagos. “Muitas prefeituras sobretaxam terrenos desocupados, como um modo de ‘punir' aqueles que preferem criar capim a construir algo”, lembra Rocha. Como bem coloca o educador e escritor Rubem Alves no artigo O vazio, meio urbano e meio rural se contrapõe nesse ponto. “A roça é o lugar onde o vazio é grande. A cidade é o lugar onde o vazio é pequeno. Na cidade a gente olha para fora e os olhos logo batem num edifício, num muro, nos automóveis. Na cidade a gente vê curto. Na roça, porque o vazio é grande, os olhos vêem longe, muito longe”, escreve.
Nesse sentido, o vazio também tem o papel de “fazer ver” a própria arquitetura. “O vazio torna visível o construído. Desta forma o ser produz o útil, mas é o não-ser que o torna eficaz”, explica Dorival Rossi, professor do curso de design da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru. Para Paula Landim, do Departamento de Desenho Industrial da mesma universidade, contudo, é comum encontrar ótimos projetos de arquitetura, que, “espremidos” em um terreno, perdem seu destaque. “É o que eu costumo chamar de peru num pires”, brinca. A mesma lógica das construções ela aplica aos objetos, sua área de estudo atual. “Ao colocar um vaso ou uma cadeira em um ambiente atulhado de outras coisas, atulhado de informações, você não tem condições de enxergar e apreciar”, pontua.
Vazios urbanos
Ainda sob o prisma do urbanismo, existem os chamados vazios urbanos, lugares abandonados, esquecidos, destituídos, despovoados, desabitados, ociosos, obsoletos. São galpões, portos, edifícios antigos em ruínas, fábricas, entre outras edificações e espaços, que apresentam uma dupla ausência: de ocupação material/funcional e de interesses/significados sociais. “É o vazio como o resultado daquilo que se esgotou. O esgotamento do sentido, da essência”, sintetiza Freitas Fuão. Segundo ele, esses espaços, que muitas vezes não conseguimos determinar a quem pertencem, incomodam principalmente por sua improdutividade.
O surgimento desses vazios remete a processos políticos, econômicos e sociais. Algumas áreas valorizaram-se historicamente em detrimento de outras, que são progressivamente abandonadas. “Se examinarmos o próprio movimento que esvaziou os centros das cidades da presença de classes mais abastadas, perceberemos que, toda vez que o diminuto mercado de classe média em nosso país abre uma nova frente de expansão, esvazia a anterior”, lembra Raquel Rolnik, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em Um novo lugar para o velho centro. “Desvalorizados pela lógica do mercado e pelo imaginário de nossa cultura urbana, esses espaços semi-abandonados abrigam hoje o que ‘sobrou' de sua centralidade anterior – quem não teve renda para acompanhar os novos lugares ‘em voga', quem sobrevive da própria condição de abandono”, prossegue.
Inaproveitados, esses espaços não são apenas uma questão social, de mau uso do capital investido e de desprezo do patrimônio construído, mas também um problema ambiental, como aponta Demetre Anastassakis, arquiteto e ex-presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil no texto Sustentabilidade das cidades. “Deixam de usar uma infra-estrutura projetada e calculada para sua plena utilização, fazendo a cidade buscar novos terrenos, novos territórios para crescer, territórios para urbanizar”, detalha. Paradoxalmente, cinco milhões de casas e apartamentos estão vagos nas áreas urbanas brasileiras, como apontam dados da Fundação João Pinheiro, colhidos em 2005.
Apesar de denominados “vazios”, esses vazios urbanos também têm vida, “reivindicam” alguma coisa, ainda que muitos não se dêem conta. “Esses vazios do abandono, não são vazios, não são sem sentido essas arquiteturas, pois esses objetos falam, gritam, apontam, reenviam para um outro tipo de vazio”, avalia Freitas Fuão. Assim, como lembra Rossi, o vazio pode ser entendido com virtus , como potência “algo que ainda não existe no plano material, que se originou e que significa energia de fazer”.
Por essa perspectiva, esses espaços também carregam em si a expectativa do novo. “A crise traz a angústia da ausência clara do uso atual, mas também a esperança de algo novo, indeterminado e promissor”, reflete Carlos Leite, professor do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie em artigo publicado na ComCiência.
Ao menos parte desses espaços pode constituir a base para projetos urbanos estratégicos de regeneração de cidades ou periferias. Contudo, essa reapropriação dos vazios não é simples e gera desdobramentos. Revitalizados, esses espaços acabam por expulsar as atividades e territórios populares que nele se estabeleceram, pressionando ainda mais a precarização da cidade. “Cada porção do centro ‘enobrecida' é mais uma favela ou pedaço de periferia precária que se forma”, finaliza Rolnik.