segunda-feira, 29 de maio de 2006

Xamã de muitas vidas


Edwin Torres poeta da "spoken word" diz: "o xamã tem muitas vidas hoje, através da internet, através da midia, como seres humanos tão ritualísticos, como animais são seres"(...) "A rua é uma universidade tão vital quanto a academia".
Adre Breton dizia: "A rua é o melhor lugar para experiência".

terça-feira, 23 de maio de 2006

Linhas, dobras, labirintos


Deleuze e as linhas e as dobras
Repare no mundo das linhas que se cruzam e se tecem. Nós pensamos que as linhas são os componentes básicos das coisas e dos eventos. Assim tudo tem sua geografia, sua cartografia, seu diagrama diz Gilles Deleuze. Interessa as linhas que constituem os fluxos da globalização e da cidade. Eu tendo a pensar das coisas como jogos de linhas a serem desemaranhadas, mas a ser feitas também para cruzar-se. Eu não gosto de pontos. As linhas não são coisas que funcionam entre dois pontos; os pontos estão onde diversas linhas se cruzam. As linhas nunca funcionam uniformemente, e os pontos não são nada, mas inflexão das linhas. Mas geralmente, não são os inícios e as extremidades que contam, mas os intermédios.
Deleuze tem interesse no desdobramento, na abertura, no desvelamento, no labirinto infinito da dobra para dobrar, que produz a topologia do mundo como um do processo que rejeita a ficção dos limites, da fixidez, a permanência, o encaixe, o enclave, o encravamento.
O que é importante é que todas as dobras são igualmente importantes, não há nenhuma hierarquia entre as dobras. Elas não podem ser definidas pelos termos do essencial e o inessential, o necessário e o contingente, ou o estrutural e o ornamental. Cada dobra faz sua parte: cada dobra alarga ' a ' distante. O evento do origami está no desdobrar, apenas como o presente está em envolver: não como o índice, mas como o processo. Bruno Latour, e Michel Serres observam que as dobras ou /o próximo tornado distante/ não formam uma teoria métrica do espaço (e do tempo), que foi rejeitada a favor de uma teoria topológica em que o espaço-tempo é visto dobrado, enrugado e de modo multi-dimensional.

Tradução do texto de C. Blake. Apparatus of Capture: The Use of Deleuzian Thought and Actor Network Theory to Conceptualise Urban Power Relations. In site do GaWC: Globalization and World Cities Study Group and Network. Documento 111

A dobra é o acontecimento
A dobra é o acontecimento, a bifurcação que faz ser. Cada dobra, ação-dobra ou paixão-dobra, é o surgimento de uma singularidade, o começo de um mundo. A proliferação ontológica é irredutível a uma ou outra camada particular dos estratos; igualmente irredutível a qualquer dobra-mestra como aquela do ser e dos entes, da infraestrutura e da superestrutura, do determinante x e do determinado y. O mundo total e intotalizável, o trans-mundo cosmopolita, diferenciado, diferenciante e múltiplo é, ao contrário, infinitamente redobrado, ele fervilha de singularidades nas singularidades, de dobras nas dobras. As oposições binárias maciças ou molares como a alma e o corpo, o sujeito e o objeto, o indivíduo e a sociedade, a natureza e a cultura, o homem e a técnica, o inerte e o vivo, o sagrado e o profano, e até a oposição de que partimos entre transcendental e empírico, todas essas divisões são maneiras de dobrar, resultam de dobras-acontecimentos singulares do mesmo “plano de consistência” (Deleuze e Guattari, Mil Platôs n. 4/5). “Isso” poderia ter se dobrado de outra maneira. E como a dobra emerge num infinitamente diversificado, mas único, sempre se pode remontar ao acontecimento da dobra, seguir seu movimento e sua curvatura, desenhar seu drapê, passar continuamente de um lado para o outro.
Texto de Pierre Levy. Plissê fractal ou como as máquinas de Guattari podem nos ajudar a pensar o transcendental hoje.

A dobra e o labirinto de Leibniz
Deleuze serviu-se da metáfora do labirinto para explicar o conceito de espaço em Leibniz, em seu livro A Dobra. Diz Deleuze, “Leibniz explica em um texto extraordinário: um corpo flexível ou elástico ainda tem partes coerentes que formam uma dobra, de modo que não se separam em partes de partes, mas sim se dividem até o infinito em dobras cada vez menores, que conservam sempre uma coesão. Assim, o labirinto do contínuo não é uma linha que dissociaria em pontos independentes, como a areia fluida em grãos, mas sim é como um tecido ou uma folha de papel que se divide em dobras até o infinito ou se decompõe em movimentos curvos, cada um dos quais está determinado pelo entorno consistente ou conspirante. Sempre existe uma dobra na dobra, como também uma caverna na caverna. A unidade da matéria, o menor elemento do labirinto é a dobra, não o ponto, que nunca é uma parte, e sim uma simples extremidade da linha”. O espaço leibniziano é constituído como um labirinto com um número infinito de dobras, algo similar à cidade composta de quadras, casas, quartos, móveis, dobras dentro de dobras, dobras que conformam espaços, como um origami, a arte da dobradura do papel.
Texto de Fernando Fuão. O sentido do espaço. Em que sentido, em que sentido? – arquitexto 50 in site do Vitruvius

quinta-feira, 11 de maio de 2006

Segundo Antonio Negri


A miltância hoje não é distribuir panfleto, colar cartaz, dizer palavras de ordem. Militar é investigar. Fazer pesquisa para entender esses desdobramentos do trabalho. Identificar a capacidade produtiva do trabalho para fazer militância. É um trabalho cultural. (...)
A globalização não tirou a possibilidade de transformar o mundo, mas diluiu sobre toda a face da terra essa possibilidade. Há várias cargas políticas hoje no mundo prontas para explodirem. Temos de reconhecê-las para guiá-las. Hoje, portanto, o grande problema é se inserir no mercado mundial buscando localizar essas questões. Não se trata de auto-flagelamento, mas estar sempre pronto para uma tentativa de renovação. Antonio Negri

Ver texto na íntegra no post "Uma mensagem para militância" Inhttp://jornalismodigitalufes.blogspot.com/2005_10_23_jornalismodigitalufes_archive.html

domingo, 7 de maio de 2006

Segundo John Cage


Onde não parece haver nenhum espaço, saiba que não sabemos mais o que é espaço. Tenha fé, o espaço está lá, dando as pessoas a chance de renovar sua maneira de reconhecê-lo, não importa por que meios, psiquicos, somáticos ou meios que envolvam extensões de ambos. As pessoas ainda pedem definições, mas agora é tranquilo que nada pode ser definido. Muito menos a arte, seus propósitos, etc. Não estamos certos nem sobre as cenouras (se elas são o que pensamos que são, quão venenosas elas são, quem as desenvolveu e em que circunstâncias). John Cage, 1966

Já não se trata de as pessoas serem conduzidas por alguém que assume a responsabilidade. É como Mcluhan diz: uma situação tribal. Precisamos de ajuda mútua para fazer (colheita, arte) o que tem que ser feito. John Cage

sábado, 6 de maio de 2006

Pergunta!!


« De que recursos dispõe uma pessoa ou um coletivo para afirmar um modo próprio de ocupar o espaço doméstico, de cadenciar o tempo comunitário, de mobilizar a memória coletiva, de produzir bens e conhecimento e fazê-los circular, de transitar por esferas consideradas invisíveis, de reinventar a corporeidade, de gerir a vizinhança e a solidariedade, de cuidar da infância ou da velhice, de lidar com o prazer ou a dor?. »
« Mais radicalmente, impõe-se a pergunta: que possibilidades restam de criar laço, de tecer um território existencial e subjetivo na contramão da serialização e das reterritorializações propostas a cada minuto pela economia material e imaterial atual? In Peter Pal Pelbart »

quarta-feira, 3 de maio de 2006

I fall in love too easily



•Corpo sem órgãos
•Não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto de práticas. Ao Corpo sem Órgãos não se chega, não se pode chegar, nunca se acaba de chegar a ele, é um limite. Diz-se: que é isto - 0 CsO - mas já se está sobre ele - arrastando-se como um verme, tateando como um cego ou correndo como um louco, viajante e nômade da estepe. É sobre ele que dormimos, velamos, que lutamos, lutamos e somos vencidos, que procuramos nosso lugar, que descobrimos nossas felicidades inauditas e nossas quedas fabulosas... Deleuze ...