domingo, 1 de fevereiro de 2009

Para não dizer que não falei de flores



Talvez perca se desejares minha subisistência

Talvez venda minhas roupas e meu colchão

Talvez trabalhe na pedreira... como carregador... ou varredor

Talvez procure grãos no esterco

Talvez fique nu e famintoMas não me venderei

Ó inimigo do sol

E até a última pulsação de minhas veias

Resistirei

Talvez me despojes da última polegada da minha terra

Talvez aprisiones minha juventude

Talvez me roubes a herança de meus antepassados

Móveis... utensílios e jarras

Talvez queimes meus poemas e meus livros

Talvez atires meu corpo aos cães

Talvez levantes espantos de terror sobre nossa aldeia

Mas não me vendereiÓ inimigo do sol

E até a última pulsação de minhas veias

Resistirei

Talvez apagues todas as luzes de minha noite

Talvez me prives da ternura de minha mãe

Talvez falsifiques minha história

Talvez ponhas máscaras para enganar meus amigos

Talvez levantes muralhas e muralhas ao meu redor

Talvez me crucifiques um dia diante de espetáculos indignos

Mas não me vendereiÓ inimigo do solE até a última pulsação de minhas veias

ResistireiÓ inimigo do sol

O porto transborda de beleza... e de signosBotes e alegrias

Clamores e manifestações

Os cantos patrióticos arrebentam as gargantas

E no horizonte... há velasQue desafiam o vento... a tempestade e franqueiam os obstáculos

É o regresso de Ulisses

Do mar das privações

O regresso do sol... de meu povo exilado

E para seus olhos

Ó inimigo do sol

Juro que não me venderei

E até a última pulsação de minhas veias

Resistirei Resistirei Resistirei


Samih Al-Qassin, in Poesia Palestina de Combate





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