quarta-feira, 15 de novembro de 2006

O Guardião dos Livros



















O Guardião dos Livros
"(...) Por que enganar-me?
A verdade é que nunca soube ler,
Mas me consolo pensando
Que o imaginado e o passado já são o mesmo
Para um homem que foi
E que contempla o que foi a cidade
E agora volta a ser o deserto.
Que me impede sonhar que alguma vez
Decifrei a sabedoria
E desenhei com aplicada mão os símbolos?
Meu nome é Hsiang. Sou o que custodia os livros,
Que talvez sejam os últimos,
Porque nada sabemos do Império
E do Filho do Céu.
Aí estão nas altas estantes,
A um tempo próximos e distantes;
Secretos e visíveis como os astros.
Aí estão os jardins, os templos."

Jorge Luís Borges in Elogio da Sombra
Tradução Carlos Nejar e Alfredo Jacques

terça-feira, 7 de novembro de 2006

CORPUS


A palavra latina corpus que significa conjunto, corpo; é utilizada no meio acadêmico compreendida como um conjunto temático de dados, informações textuais e documentos sobre um assunto ou autor. “Para Roland Barthes, um corpus é uma coleção finita de diversos materiais (sons, imagens, escritos, entre outros) reunidos arbitrariamente por um pesquisador. Seguindo por esse caminho, extrapola-se o significado convencionalmente aceito e abre-se espaço para que ele seja constituído por múltiplos "materiais de linguagem" dos mais diversos, independentemente da forma que se apresentam.” (In. Sérgio Carvalho Benício de Mello & Marcio Gomes de Sá).

http://www.whitecube.com/exhibitions/chlebnikov/

Anselm Kiefer artista alemão faz nesse trabalho uma espécie de coleção de ondas, paisagens aquáticas e marinhas, barcos,,, citando William Turner, Coubert, Caspar Friedrich David. Chama atenção o título de uma matéria sobre este trabalho: "making waves".
Neste trabalho Kiefer emprega uma variedade "quase desconcertante" de materiais desde a pintura de óleo grossa, base de todos seus trabalhos, restos, modelos, fotografias, xilogravuras, areia, palha e toda o tipo de material orgânico. Somando materiais 'reais' na enorme superfície pintada ilusionística. Alguns críticos dizem que ele "inventou um espaço entre a pintura e a escultura". Eles também dizem, e é fato, que poucos artistas contemporâneos possuem o alcance épico de Kiefer; a natureza provocante e paradoxal do seu trabalho sugere que ele aderiu à noção do artista moderno que se coloca resolutamente fora da sociedade - um outsider, "ostentando suas histórias, seus tabus e seus mitos". Assimilando e utilizando as convenções e tradições da história da pintura, ele vai além deles, ou entrosando pontos de vista e apresentando interpretações contraditórias ou mesmo emulando-as... Kiefer já trabalhou com materiais empilhados randomicamente, bibliotecas ou arquivos estranhos, e outros temas e questões do momento em que vive...