quarta-feira, 23 de julho de 2014

Declaração de Idelber Avelar à Sininho:

Por motivos de necessidade, digamos, ativista, tenho consumido nos últimos dias alguns produtos das Organizações Globo: Fantástico, Jornal Nacional, Jornal da Globo, o jornal de papel. O que estas organizações estão fazendo -- no caso das rádios e das TVs, utilizando uma concessão pública -- contra os ativistas cariocas e, em especial, contra Sininho, é de tal cretinice, vileza e falta de vergonha que em um sistema político no qual essa expressão, "concessão pública", significasse qualquer coisa, elas já teriam, pelo menos, sido chamadas a dar explicações.
Vejo o rosto bonito de Sininho. Tão jovem, poderia ser minha filha. Vasculhada, espionada, perseguida, encarcerada arbitrariamente e, mesmo assim, não conseguem encontrar um mísero indício de que ela tenha cometido qualquer ato que vagamente se assemelhe a um crime. Recortam o verbo "bombar" no meio de uma gravação, fingindo que "bombar" é sinônimo de "bombardear", coisa que qualquer falante de português residente no Brasil sabe que é mentira. "Sininho torceu contra a Seleção" -- sim, o Jornal da Globo chegou a esse ponto. "Sininho teria levado quentinhas para os indígenas". Sininho isso, Sininho aquilo. E nada, nada que demonstre que ela fez qualquer coisa além do que eu e tantos outros fazemos todos os dias: ativismo político.
Governistas que passam o dia reclamando da mídia utilizam-se das manipulações dessa mesma mídia para criminalizar Sininho, chegando ao cúmulo de compará-la a, pasmem!, Sheherazade (http://naofo.de/nk9), recorrendo para isso, com estonteante má fé, a capas OPOSTAS da Revista Veja como se essas capas fossem sinônimas.
Elisa Quadros, Sininho, sua linda, eu não a conheço, mas não posso deixar de dizer: o que poderosas organizações de imprensa, Ministério Público, governos, polícia e partidos políticos estão fazendo com você me dá tanto nojo e tanta sensação de impotência que só me resta mesmo lhe mandar este recado, com a esperança de que você o receba um dia. Conte comigo para o que eu puder fazer. Espero, um dia, poder fazer algo mais que isto.