sábado, 22 de junho de 2013

Ontem Foi Pior | VICE Brasil

Ontem Foi Pior | VICE Brasil
Se o 6º ato convocado pelo MPL SP foi no mínimo estranho após as tentativas de apropriação pelos setores mais reacionários da sociedade paulistana, o de quinta-feira, que foi transformado em uma comemoração pela redução da tarifa, foi um show de horror.
A chamada de violência genérica contra “bandeiras e partidos” que tomou as redes sociais abriu espaço pra que playboys e skinheads estuprassem algumas demandas anarquistas e realizassem um pogrom contra grupos que, ao contrário deles, apoiavam a manifestação desde o início. Não dá pra engolir papo “apolítico” quando rasgam uma bandeira do movimento negro.
Ver o grupo do MPL no final da Paulista foi sintomático. Enquanto eles cantavam “Vem pra rua vem / Tarifa Zero”, um outro grupo vestido com as cores da bandeira brasileira tentava berrar “Vem pra rua vem / Contra o governo”. No pronunciamento final do MPL, eles fizeram questão de se declarar de esquerda e dispersaram rápido. A galera neonacionalista que adora bradar “Ê, Brasil”, que adora odiar a mídia mas é pautada por ela e por montagens de Facebook, ficou lá.
Pra conta de quem vai esse roubo direitista? Da demora em responder da prefeitura, da violência do governo do estado, da manipulação da grande mídia, da idiotia de governistas nas redes. Como esquecer  do  “parecia uma convenção do PSDB” dito sobre o primeiro ato? Parabéns. Dessa vez, parecia mesmo.
A única frente de esquerda que restou foi um bloco de anarquistas, tremulando suas bandeiras rubro-negras, acompanhados, na linha de frente, por um pequeno grupo de skinheads antifascistas. Mais cedo, a massa verde-e-amarelo cercou eles, gritando “sem partido!”. Aí caiu a ficha: ninguém ali sabe nem o que é anarquismo.
Dois jovens conversavam sobre o ataque anterior. “Mas eu voto nulo, cara”, dizia um. “Sim, mas não é desse jeito”, explicava o amigo. Do lado, chega um cidadão nervosíssimo, com uma camiseta do MST, e acaba com o papo: “É o seguinte, pessoal: agora é união antifascista”. Recado entendido, bloco segue em frente, berrando “Fascistas, racistas, não passarão”. Enquanto isso uma parte da malta havia descido para o centro, e acabou trombando o Point, tradicional reunião de pichadores na região da Av. São João. Ali, parece que a esquerda foi vingada.
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