sábado, 22 de dezembro de 2012

Escutaram? EZLN

Neste dia 21/12/2012, enquanto o mundo brincava de apocalipse, os verdadeiros descendentes dos maias, vivos e reais, nos mandaram das montanhas de Chiapas, uma ...importante mensagem, que surpreendeu o México hoje de manhã. Em diferentes municípios da região Sudeste, milhares de indígenas integrantes do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) iniciaram o dia em grandes marchas por diferentes estradas e cidades. A manifestação, organizada até a véspera em sigilo, foi pacífica e surpreendentemente silenciosa. Em todas as marchas, o silêncio foi absoluto. Nenhuma palavra de ordem, nenhum cântico, nenhum grito de protesto. Ao final do dia finalmente foi divulgado um comunicado oficial do líder máximo do EZLN, Subcomandante Marcus, dizendo apenas: “Escutaram? É o som do mundo de vocês desmoronando. E do nosso ressurgindo”. Como sabemos, os maias nunca falaram em “fim do mundo” (tampouco jamais conceberam essa ideia). Ao contrário, em um gigantesco silêncio, nos disseram hoje que um mundo novo, uma nova era, está começando. E que os ideais zapatistas estão de volta.






 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Matéria - Israelense de 19 anos prefere a cadeia ao ataque a Gaza

Matéria - Israelense de 19 anos prefere a cadeia ao ataque a Gaza

O jovem Natan Blanc, de 19 anos, seguiu para a prisão neste domingo porque se recusou a tomar parte neste novo ataque a Gaza. "Como cidadãos e seres humanos, temos um dever moral de recusar a participar desse jogo cínico. É por isso que eu decidi recusar entrar para o Exército Israelense em 19 de novembro de 2012”', diz o jovem em uma carta que denuncia a "onda de militarismo agressivo" em Israel.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Das quebradas ao centro | Blog Coletivo Outras Palavras

Das quebradas ao centro | Blog Coletivo Outras Palavras

Um motoboy, um gestor cultural, um funkeiro e um professor universitário falam sobre “periferia”
Por JR Penteado
“A mídia nos vê como vítimas ou bandidos. Com o projeto, há uma inversão nessas visões”. O dono da declaração é Eliezer Muniz, o Neka, membro do Canal Motoboy – coletivo de cultura que reúne cerca de uma dezena de motociclistas. Neka, que além de motociclista também é professor de filosofia da rede pública de ensino, contou a história do coletivo para uma plateia no Sesc Santo Amaro, na mesa intitulada “Circuitos e Trajetos: o marginal no centro e na periferia”, que ainda teve outros convidados para falar sobre o tema. O debate fazia parte da programação do seminário “Estéticas das Periferias”.
Neka fez um relato do projeto Megafone (www.megafone.net), no qual o Canal Motoboy possui um espaço em que seus membros postam fotos de celulares juntamente com textos, criando assim a sua própria narrativa da cidade. “Quem idealizou o site é o espanhol Antoni Abadi. A ideia é a de dar voz aos coletivos que existem em todo o mundo, e, por meio de celulares, circunscrever a ação política cultural das comunidades marginalizadas, invisíveis”, disse.
Já Leandro Benneti, do Centro Cultural da Juventude (CCJ), falou sobre o objetivo do centro, criado em 2006: reconhecer e valorizar a produção cultural dos jovens de São Paulo. “Foi um início favorável considerando a tradição muito ruim de São Paulo e do Brasil em oferecer políticas culturais ao jovem da periferia. Os que fizeram o CCJ buscaram romper essa tradição.” Benneti ressaltou também que a equipe do CCJ visa garantir a diversidade das suas atividades, já que o jovem também é diverso. E sublinhou que não há uma “periferia” mas “periferias” no plural. “A ideia de nossas ações é descobrir o jovem real, não o estereotipado que normalmente serve de ponto de partida para as políticas públicas.”
Em seguida, o MC Rafael Calazans, da APAFUNK (Associação dos Profissionais e Amigos do Funk), fez uma fala bastante contundente em defesa do funk enquanto expressão cultural, e comentou sobre o preconceito e criminalização que aqueles que gostam do gênero musical sofrem. “O funk surgiu do James Brown, foi para o morro carioca e foi apropriado. É frevo, com melodia de samba e batida de afro. Música preta, pobre, expressão de identidade cultural. Chega na década de 90 com paródia de músicas consagradas e se torna sucesso na periferia.” Sobre as constantes críticas contra às letras das músicas que fazem alusão ao sexo explícito, ele contrasta com outros expressões em que isso também existe. “Salomão já falava de sexo na bíblia. Sem contar as cenas picantes na novela das nove da Globo. Aí o jovem do morro tem 50 palavras no vocabulário, 25 são palavrões, 25 são gírias, pegam esse cara e querem discutir com parâmetros de Chico Buarque.”
Por fim, falou José Magnani, do Núcleo de Antropologia Urbana da USP. Ele destacou o fato da palavra “periferias” ter sido colocada no plural no título do evento. “A palavra periferia, no singular, dá uma ideia de homogeneidade, o que não existe, já que ela é múltipla.” Magnani também chamou atenção para a mudança do conceito na palavra “periferia”. “Normalmente entendemos a periferia enquanto oposição ao centro, concepção bastante usada na mídia, no cotidiano, nas ciências sociais. Em algum momento esse conceito servia para explicar a realidade, talvez quando São Paulo tinha um centro bem delineado e a periferia era mais caótica. Hoje o emprego dessa palavra já não basta e já se fala em ‘hiperperiferia’, ‘megaperiferia’.” Ele ainda comentou sobre a mudança de conotação do termo. “Hoje periferia deixou de ser estigma para se tornar uma marca. Tem que ter um ethos pra ser da periferia, não é qualquer um: lá vive-se, não mais se sobrevive.” E sobre a ideia de estética, arrematou. “A estética da periferia sempre existiu, desde os imigrantes que primeiro chegaram, a periferia sempre foi lugar de criação. Por que não tem visibilidade? Para se tornar estética, as expressões culturais têm que ultrapassar o nível doméstico e experimental, e ocupar os espaços de visibilidade pública para então se consolidar como estética. Tem que vir para o centro, que é onde está o poder.”

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Free community food garden removed by City of Toronto workers | rabble.ca

Free community food garden removed by City of Toronto workers | rabble.ca

The City of Toronto dismantled a garden Friday.
The People's Pea Garden was planted by the Occupy movement five months ago. As part of the protest, images of park workers removing the garden are being shared on social media. Occupy Canada shared the story, the Photo has since gone viral with over 5,000 shares. Photo can be viewed here: http://on.fb.me/Ss5eNm
de Occupy Canada fbook
 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Occupy Chicago Declares Victory After All Charges From Encampment Attempts Are Dropped | Occupy Chicago

Occupy Chicago Declares Victory After All Charges From Encampment Attempts Are Dropped | Occupy Chicago
Occupychi.org // @OccupyChicago
MEDIA ALERT FOR IMMEDIATE RELEASE
Press Conference and Interviews Available at 3pm at 1180 North Milwaukee Avenue Chicago, IL 60642
Contact: occupychi.presscomm@gmail.com
Occupy Chicago Declares Victory After All Charges From Encampment Attempts Are Dropped
Cook County Judge Thomas Donnelly has dismissed all charges relating to Occupy Chicago's attempts at taking an encampment last October. On October 15 and 23, thousands of occupiers marched from Jackson and LaSalle to Congress Plaza to erect an encampment in solidarity with Occupy Wall Street. The encampments were meant to be a place where people could live, build community and organize in our fight against the corporate abuse of democracy. The protest was intended to build a round-the-clock presence at Grant Park. Over the course of the two attempts to create this community, 305 protesters would be arrested.
The arrests were made on the grounds of a rarely-used park curfew ordinance restricting access to Grant Park from 11pm to 6am. Occupy Chicago activists challenged this ordinance based upon the protection of the First Amendment which states:
"Congress shall make no law respecting an establishment of religion, or prohibiting the exercise thereof; or abridging the freedom of speech, or of the press; or the right peaceably to assemble, and to petition the Government for a redress of grievances."
"We were arrested because we were doing something very threatening to the state, we were creating a peaceful social platform where the voices of the lower classes could be heard. We the challenged the system of capitalism simply by talking about and bringing economic inequality to the forefront of everyday conversation has been a tremendous achievement on our behalf," said Danielle Vilarreal, Occupier arrested on October 23.
Ninety two of those arrested have been collectively fighting back on first amendment grounds since February. Today we are happy to announce that all charges against Occupy Chicago activists have been dismissed on first amendment grounds. Read the judges ruling here: http://nlgchicago.org/blog/motdorder/
This ruling is another victory for Occupy Chicago in beating back Mayor Emmanuel's attacks on the first amendment rights of activists. "The whole city is getting tired of Rahm's abuse of power. This is what we saw with the immense community support for the teacher's strike. This what we saw back in January when we were able to mobilize the community against Rahm's "sit down, and shut up" ordinances. And this is what we see now with the charges being dismissed. Grant Park has a long history of being an open political forum in the city of Chicago and for Rahm to try to restrict political activity in this park with unconstitutional arrests, is not only an insult to the political history of Chicago, it also goes to prove that Rahm, not really being from Chicago, does not understand Chicago, and the rights of the people who live here," said Andy Manos Occupier arrested on October 23.
"The charges against Occupy Chicago members have been dropped, but the legal and ethical travesty that they represent should never be forgotten; the city administration and its corrupt courts have wasted how many tax dollars in this circus of injustice? And for what? What did hundreds of cops spend hundreds of overtime hours on the city's dime doing last October? They spent that time breaking their own laws and repressing the very essence of democracy, as the verdict in this case indicates. It was all a meaningless distraction meant to take away momentum from a political moment that represented something other than the trite and callous ethos so dominant in our troubled culture," said Mark Banks Occupier arrested on October 23rd.
-end-

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Toma la palabra » Los mapas del 15M al 15O

Toma la palabra » Los mapas del 15M al 15O
Por Pablo soto
"El nuevo ciclo de luchas que comenzó con la Primavera Árabe y la Revolución Islandesa y que ha tenido su reflejo en la orilla norte del mediterráneo con el movimiento 15M y por una Democracia Real Ya, se propaga en la actualidad a una escala global.
Estos movimientos se caracterizan por (a) trabajar a dos niveles: en el internet y en las calles, con ocupación de plazas y asambleas; (b) tener una organización autopoiética de enorme escalabilidad e interactividad, y por (c) producir revoluciones de código abierto donde saberes, técnicas, prácticas y estrategias son aprendidas y replicadas con mejoras por las distintas sociedades conectadas."
Mapa conceptual de acampadasol

terça-feira, 7 de agosto de 2012

La Puerta del Sol en Madrid « Maestroviejo's Blog

La Puerta del Sol en Madrid « Maestroviejo's Blog

"¿Y quién reina en medio de la Plaza de Sol de Madrid? Pues la estatua de la Diosa Venus. Huelga decir que la figura de Venus tiene un significado muy iniciático y ocultista, ya que es el Lucero del Alba.Satanás es presentado en las órdenes negras como el Lucero del Alba, y de ahí su otro nombre de Lucifer, (lux =luz; ferre=portar), de lucifero, el portador de la luz.""... ver no link mais

quinta-feira, 7 de junho de 2012

URBICENTROS#3 | Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo

URBICENTROS#3 | Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo

Acontecerá em Salvador, nos dias 22, 23 e 24 de outubro de 2012, a terceira edição do Seminário Internacional Urbicentros - Morte e vida dos centros urbanos [>site]. A argumentação fundamental do URBICENTROS#3 parte do entendimento de que a lógica de abandono, fragmentação, descontinuidade e exploração especulativa que passaram e passam as áreas centrais tradicionais das cidades, podem constituir objeto de reflexão para a compreensão e construção de um projeto democrático de cidade. Ou seja, um projeto de cidade onde o enfoque principal seja aquele da instância social e onde o espaço se entenda como o conjunto inseparável da materialidade e das ações do homem Milton Santos.


 

A tinta vermelha: discurso de Slavoj Žižek aos manifestantes do movimento Occupy Wall Street | Blog da Boitempo

A tinta vermelha: discurso de Slavoj Žižek aos manifestantes do movimento Occupy Wall Street | Blog da Boitempo

Slavoj Žižek visitou a Liberty Plaza, em Nova Iorque, para falar ao acampamento de manifestantes do movimento Occupy Wall Street (Ocupe Wall Street), que vem protestando contra a crise financeira e o poder econômico norte-americano desde o início de setembro deste ano.
O filósofo nos enviou a íntegra de seu discurso para publicarmos em nosso Blog, que segue abaixo em tradução de Rogério Bettoni. Caso deseje ler a versão original em inglês, está disponível no site da Verso Books (assim como outros comentários de filósofos e cientistas sociais sobre o movimento Occupy Wall Street).
***
Não se apaixonem por si mesmos, nem pelo momento agradável que estamos tendo aqui. Carnavais custam muito pouco – o verdadeiro teste de seu valor é o que permanece no dia seguinte, ou a maneira como nossa vida normal e cotidiana será modificada. Apaixone-se pelo trabalho duro e paciente – somos o início, não o fim. Nossa mensagem básica é: o tabu já foi rompido, não vivemos no melhor mundo possível, temos a permissão e a obrigação de pensar em alternativas. Há um longo caminho pela frente, e em pouco tempo teremos de enfrentar questões realmente difíceis – questões não sobre aquilo que não queremos, mas sobre aquilo que QUEREMOS. Qual organização social pode substituir o capitalismo vigente? De quais tipos de líderes nós precisamos? As alternativas do século XX obviamente não servem.
Então não culpe o povo e suas atitudes: o problema não é a corrupção ou a ganância, mas o sistema que nos incita a sermos corruptos. A solução não é o lema “Main Street, not Wall Street”, mas sim mudar o sistema em que a Main Street não funciona sem o Wall Street. Tenham cuidado não só com os inimigos, mas também com falsos amigos que fingem nos apoiar e já fazem de tudo para diluir nosso protesto. Da mesma maneira que compramos café sem cafeína, cerveja sem álcool e sorvete sem gordura, eles tentarão transformar isto aqui em um protesto moral inofensivo. Mas a razão de estarmos reunidos é o fato de já termos tido o bastante de um mundo onde reciclar latas de Coca-Cola, dar alguns dólares para a caridade ou comprar um cappuccino da Starbucks que tem 1% da renda revertida para problemas do Terceiro Mundo é o suficiente para nos fazer sentir bem. Depois de terceirizar o trabalho, depois de terceirizar a tortura, depois que as agências matrimoniais começaram a terceirizar até nossos encontros, é que percebemos que, há muito tempo, também permitimos que nossos engajamentos políticos sejam terceirizados – mas agora nós os queremos de volta.
Dirão que somos “não americanos”. Mas quando fundamentalistas conservadores nos disserem que os Estados Unidos são uma nação cristã, lembrem-se do que é o Cristianismo: o Espírito Santo, a comunidade livre e igualitária de fiéis unidos pelo amor. Nós, aqui, somos o Espírito Santo, enquanto em Wall Street eles são pagãos que adoram falsos ídolos.
Dirão que somos violentos, que nossa linguagem é violenta, referindo-se à ocupação e assim por diante. Sim, somos violentos, mas somente no mesmo sentido em que Mahatma Gandhi foi violento. Somos violentos porque queremos dar um basta no modo como as coisas andam – mas o que significa essa violência puramente simbólica quando comparada à violência necessária para sustentar o funcionamento constante do sistema capitalista global?
Seremos chamados de perdedores – mas os verdadeiros perdedores não estariam lá em Wall Street, os que se safaram com a ajuda de centenas de bilhões do nosso dinheiro? Vocês são chamados de socialistas, mas nos Estados Unidos já existe o socialismo para os ricos. Eles dirão que vocês não respeitam a propriedade privada, mas as especulações de Wall Street que levaram à queda de 2008 foram mais responsáveis pela extinção de propriedades privadas obtidas a duras penas do que se estivéssemos destruindo-as agora, dia e noite – pense nas centenas de casas hipotecadas…
Nós não somos comunistas, se o comunismo significa o sistema que merecidamente entrou em colapso em 1990 – e lembrem-se de que os comunistas que ainda detêm o poder atualmente governam o mais implacável dos capitalismos (na China). O sucesso do capitalismo chinês liderado pelo comunismo é um sinal abominável de que o casamento entre o capitalismo e a democracia está próximo do divórcio. Nós somos comunistas em um sentido apenas: nós nos importamos com os bens comuns – os da natureza, do conhecimento – que estão ameaçados pelo sistema.
Eles dirão que vocês estão sonhando, mas os verdadeiros sonhadores são os que pensam que as coisas podem continuar sendo o que são por um tempo indefinido, assim como ocorre com as mudanças cosméticas. Nós não estamos sonhando; nós acordamos de um sonho que está se transformando em pesadelo. Não estamos destruindo nada; somos apenas testemunhas de como o sistema está gradualmente destruindo a si próprio. Todos nós conhecemos a cena clássica dos desenhos animados: o gato chega à beira do precipício e continua caminhando, ignorando o fato de que não há chão sob suas patas; ele só começa a cair quando olha para baixo e vê o abismo. O que estamos fazendo é simplesmente levar os que estão no poder a olhar para baixo…
Então, a mudança é realmente possível? Hoje, o possível e o impossível são dispostos de maneira estranha. Nos domínios da liberdade pessoal e da tecnologia científica, o impossível está se tornando cada vez mais possível (ou pelo menos é o que nos dizem): “nada é impossível”, podemos ter sexo em suas mais perversas variações; arquivos inteiros de músicas, filmes e seriados de TV estão disponíveis para download; a viagem espacial está à venda para quem tiver dinheiro; podemos melhorar nossas habilidades físicas e psíquicas por meio de intervenções no genoma, e até mesmo realizar o sonho tecnognóstico de atingir a imortalidade transformando nossa identidade em um programa de computador. Por outro lado, no domínio das relações econômicas e sociais, somos bombardeados o tempo todo por um discurso do “você não pode” se envolver em atos políticos coletivos (que necessariamente terminam no terror totalitário), ou aderir ao antigo Estado de bem-estar social (ele nos transforma em não competitivos e leva à crise econômica), ou se isolar do mercado global etc. Quando medidas de austeridade são impostas, dizem-nos repetidas vezes que se trata apenas do que tem de ser feito. Quem sabe não chegou a hora de inverter as coordenadas do que é possível e impossível? Quem sabe não podemos ter mais solidariedade e assistência médica, já que não somos imortais?
Em meados de abril de 2011, a mídia revelou que o governo chinês havia proibido a exibição, em cinemas e na TV, de filmes que falassem de viagens no tempo e histórias paralelas, argumentando que elas trazem frivolidade para questões históricas sérias – até mesmo a fuga fictícia para uma realidade alternativa é considerada perigosa demais. Nós, do mundo Ocidental liberal, não precisamos de uma proibição tão explícita: a ideologia exerce poder material suficiente para evitar que narrativas históricas alternativas sejam interpretadas com o mínimo de seriedade. Para nós é fácil imaginar o fim do mundo – vide os inúmeros filmes apocalípticos –, mas não o fim do capitalismo.
Em uma velha piada da antiga República Democrática Alemã, um trabalhador alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que todas as suas correspondências serão lidas pelos censores, ele diz para os amigos: “Vamos combinar um código: se vocês receberem uma carta minha escrita com tinta azul, ela é verdadeira; se a tinta for vermelha, é falsa”. Depois de um mês, os amigos receberam a primeira carta, escrita em azul: “Tudo é uma maravilha por aqui: os estoques estão cheios, a comida é abundante, os apartamentos são amplos e aquecidos, os cinemas exibem filmes ocidentais, há mulheres lindas prontas para um romance – a única coisa que não temos é tinta vermelha.” E essa situação, não é a mesma que vivemos até hoje? Temos toda a liberdade que desejamos – a única coisa que falta é a “tinta vermelha”: nós nos “sentimos livres” porque somos desprovidos da linguagem para articular nossa falta de liberdade. O que a falta de tinta vermelha significa é que, hoje, todos os principais termos que usamos para designar o conflito atual – “guerra ao terror”, “democracia e liberdade”, “direitos humanos” etc. etc. – são termos FALSOS que mistificam nossa percepção da situação em vez de permitir que pensemos nela. Você, que está aqui presente, está dando a todos nós tinta vermelha.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Antonio Negri y Michael Hardt conclusiones | TabaCanal

Antonio Negri y Michael Hardt conclusiones | TabaCanal

Antonio Negri y Michael Hardt conclusiones

Publicado el 16. oct, 2011 by smm en .nuestros Videos
El día 7 de octubre se celebró en La Tabacalera la segunda sesión del seminario organizado por la Universidad Nómada“Crisis y revoluciones posibles”, con la participación de Antonio Negri y Michael Hardt. El encuentro se centraba en el 15M y se estructuró en base a cuatro bloques de preguntas lanzadas por los ponentes, ronda de respuestas por parte de los asistentes y conclusiones devueltas por Antonio Negri.
Aquí podéis ver las conclusiones de Antonio Negri y Michael Hardt.

domingo, 27 de maio de 2012

OcupaRio |

OcupaRio |

26/05/2012 Por Gabriela Serfaty 

"Museu é o mundo, é a experiência cotidiana”.  Helio Oticica

A atmosfera está diferente de ontem e de anteontem?

A cidade está ocupada. Corpos. Afetos. Ações. Gestos. Parangolés. Macumba. Afoxé. Uma multiplicidade infinita de possibilidades transita em uma cidade em processo. Uma manifestação de desejos antes muda ganha voz.
Ocupa-Rio faz parte de um movimento global que se organiza e se constrói através de outras formas de pensar e se relacionar com o mundo. Um acontecimento político preenchido de novas peculiaridades.

As palavras de ordem se transformam em ações, discussões e questionamentos. Do micro ao macro, do particular ao totalizante, do vizinho ao estranho. Emerge a capacidade de se manter junto, de agenciar, pouco a pouco, os fluxos de certezas e desejos. O inimigo não é mais localizado. As divisões de classes ganham novas formas de organizações, mais fluídas e diluídas nas relações de poder.(continua...)

 

Las asambleas populares cumplen un año y lo celebran este domingo en Sol

Las asambleas populares cumplen un año y lo celebran este domingo en Sol
El domingo 27 de mayo, entre las 15:00 y las 24:00, las asambleas populares de barrios y pueblos de Madrid celebran su aniversario en la Puerta del Sol y alrededores.
Habrá, a partir de las 15:00, cuatro comidas populares (en principio “de traje”, cada persona debe traer algo) en cuatro plazas aledañas a Sol, que servirán de lugar de encuentro de las asambleas populares barrios y pueblos de cada zona:
  • Las de la zona Norte, tienen su cita en la Plaza de Callao.
  • Las de la zona Sur, en la Plaza de Jacinto Benavente.
  • Las de la zona Este, en el área peatonal de la calle Alcalá próxima al  Sevilla.
  • Las de la zona Oeste, en la Plaza de Oriente.
  • (...) link acima

terça-feira, 1 de maio de 2012

NYC Full Schedule of Permitted and Unpermitted May Day 2012 Actions | OccupyWallSt.org

NYC Full Schedule of Permitted and Unpermitted May Day 2012 Actions | OccupyWallSt.org

The Mixtape of the Revolution - NYTimes.com

The Mixtape of the Revolution - NYTimes.com
Indicação de Gabriela Gaia Leandro

Noam Chomsky escreve – e fala – sobre o Occupy

Noam Chomsky escreve – e fala – sobre o Occupy
"
O Occupy eclodiu no momento em que era mais necessário, e acho sua estratégia brilhante. Se tivessem me perguntado, eu não a teria recomendado. Nunca pensei que fosse funcionar. Por sorte, eu estava errado. Funcionou muito bem. Dois grandes processos se deram, em minha opinião, e se puderem ser mantidos e ampliados, será extremamente importante. Um foi simplesmente mudar o discurso, colocando na agenda temas que estavam fervendo nos bastidores, mas nunca eram o foco principal – como a desigualdade, a corrupção financeira, a fragmentação do sistema democrático, o colapso da economia produtiva. Estes assuntos tornaram-se comuns. Isso foi muito importante.
Outro fenômeno que surgiu, e é difícil de medir, foi a criação de comunidades. As comunidades do Occupy foram extremamente valiosas. Formaram-se espontaneamente, com base no auxílio mútuo, intercâmbio público e outras coisas que fazem muita falta, em uma sociedade pulverizada como a nossa, onde as pessoas estão sozinhas. A unidade social por que o mundo dos negócios luta é apenas uma díade, um par. Você e sua televisão e seu computador. O Occupy quebrou isso de forma extremamente significante. A possibilidade de cooperação, solidariedade, apoio mútuo, discussão pública e participação democrática é um modelo que pode inspirar as pessoas. Muitas pessoas participaram disso, pelo menos de forma periférica.
Se estas duas conquistas puderem ser mantidas e expandidos, poderá haver um impacto de longo prazo. Não será fácil, há existem desafios imensos. As táticas terão que ser ajustadas, como sempre, mas o que aconteceu foi um ponto de virada. Se você pensar no que aconteceu em apenas alguns meses, é surpreendente."
ver mais no link

US May Day Protests Planned, May Disrupt Commutes - ABC News

US May Day Protests Planned, May Disrupt Commutes - ABC News

Associated Press writers Terry Collins in Oakland and Christina Hoag in Los Angeles contributed to this report.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Map: POPOS (Privately Owned Public Open Spaces) Of San Francisco: SFist

Map: POPOS (Privately Owned Public Open Spaces) Of San Francisco: SFist

Mapping POPOS in New York | Blogs | Archinect

Mapping POPOS in New York | Blogs | Archinect

mapeamento de espaços públicos abertos apropriados privadamente


Privately-Owned Public Open Space (POPOS), or their cousins, POPS (apparently not exactly open, yet accessible)... Spurred by Zuccotti Park, WNYC and NY World ask you "to map and report on New York City's Privately-Owned Public Spaces, aka POPS. We want to figure out how public these public spaces really are."

domingo, 18 de março de 2012

redecastorphoto: "Anonymous", a grande rede e a rua: para uma convergência

redecastorphoto: "Anonymous", a grande rede e a rua: para uma convergência

CHAMADO PARA O 12M E PARA MANIFESTOS COLABORATIVOS – OCUPARIO « Ocupa Rio – Teoria

CHAMADO PARA O 12M E PARA MANIFESTOS COLABORATIVOS – OCUPARIO « Ocupa Rio – Teoria

"No 12 de Maio próximo, iremos reocupar novos espaços, sejam de terra, asfalto ou digitais. Os caminhos estão abertos e queremos abrir ainda mais os espaços para exercermos a nossa liberdade de constituir os nossos próprios caminhos comuns. Para construirmos um mundo sem os muros, cercamentos e exclusões, impostos para reproduzir os poderes econômicos, financeiros, midiáticos e coercitivos dos poucos sobre os muitos. Recusamos vender os nossos sonhos, desejos e trabalho cooperativo a empresas, marcas e fetiches, e não nos rendemos à sociedade cada vez mais vigilantista, que criminaliza os movimentos, inclusive na internet. Este chamado é aos 99% que, com o próprio suor e trabalho, sustentam a absurda acumulação de riqueza por parte do 1%. É um chamado dos que não se esquecem e sempre voltam para cobrar e construir as transformações aqui e agora""

sábado, 3 de março de 2012

Alex Weinschenker, Occupy L.A. Protester Behind 99% Bandana on Cover of TIME … - GRAFIC DESIGN – GRAFIC DESIGN

Alex Weinschenker, Occupy L.A. Protester Behind 99% Bandana on Cover of TIME … - GRAFIC DESIGN – GRAFIC DESIGN

In Memory of a Hero | Occupy Los Angeles

In Memory of a Hero | Occupy Los Angeles
"One by one people make their way to present their stories of how Alex affected their lives. Alex was an avid outdoorsman, who enjoyed spending time with his family hiking, skiing, and was known to cause a few headaches for his parents in his youth. As he grew into a young man he found himself channeling that energy into the revolutionary art and work he was able to accomplish through the Occupy Movement. Alex truly gave up everything to join Occupy LA and continued to give back to his community. "

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

OWS

http://norbertobobbio.wordpress.com/2011/10/29/latino-americanos-emprestam-know-how-em-protestos-ao-moderado-occupy-wall-street/

http://www.nybooks.com/blogs/nyrblog/2011/nov/18/crackdown-zuccotti-occupy-wall-street/

http://www.outraspalavras.net/2011/12/02/esperanca-e-realidade-no-occupy-wall-street/


http://occuprint.org/Posters/ViewAll

http://thinkprogress.org/economy/2011/09/21/325014/new-york-150-years-wall-street-protest/?mobile=nc

Faça você mesmo (sozinho ou acompanhado) a pergunta

"Não se resolvem problemas tranferindo-os aos outros" Abby Warburg

Na constituição do método de Bergson (discutida por Deleuze) distingue-se a posição e a criação de problemas. “(...) reconciliar a verdade e criação no nível dos problemas”. Segundo este critério é um equívoco considerar que o verdadeiro e o falso concernem somente às soluções.  Outro equívoco, considerado infantil, é que o professor coloque os problemas, cabendo ao aluno a descoberta das soluções. Argumentam que a verdadeira liberdade está na constituição dos próprios problemas.
“A verdade é que se trata, em filosofia e mesmo alhures [é o nosso caso], de encontrar o problema e, por conseguinte, de colocá-lo, mais ainda do que resolvê-lo. Com efeito o problema especulativo é bem resolvido desde que bem colocado. (...). Mas colocar o problema não é simplesmente descobrir (desvelar), é inventar. (...) o esforço de invenção consiste mais freqüentemente em suscitar o problema, em criar os termos nos quais ele se colocará”. (Bergsonismo - Gilles Deleuze - Editora 34).

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Netwar 2.0: Verso una convergenza della “calle” e della rete : UniNomade

Netwar 2.0: Verso una convergenza della “calle” e della rete : UniNomade

Antonio Negri. “Não há saída para a crise. A guerra tornou-se uma possibilidade” | iOnline

Antonio Negri. “Não há saída para a crise. A guerra tornou-se uma possibilidade” | iOnline

Les villes sans limite de l'urbanisme collaboratif - Villes - Le Monde.fr - IBM - Une Planète Plus Intelligente

Les villes sans limite de l'urbanisme collaboratif - Villes - Le Monde.fr - IBM - Une Planète Plus Intelligente

Le projet "Villes sans limite" esquisse un urbanisme du futur ouvert aux foisonnements d'idées vivantes des habitants. Avec des outils logiciels destinés à favoriser l'intelligence collaborative.

La question de savoir si les habitants doivent participer à l'élaboration de leur cadre de vie a déjà été tranchée, aussi bien politiquement que réglementairement. C'est oui : il ne semblait pas concevable que le développement soutenable qui intègre la dimension du bien-être social (en lien avec les dimensions environnementales et économiques) puisse se réaliser sans solliciter les principaux destinataires.(...) Ler mais no link

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Agenda: Debates Ocupa Teoria – datas confirmadas. « Ocupa Rio – Teoria

Agenda: Debates Ocupa Teoria – datas confirmadas. « Ocupa Rio – Teoria

Ciclos de Debates “Ocupa Teoria” – uma nova iniciativa do GT Teoria do Ocupa Rio.

Segue a agenda do 1º ciclo de debates, que ocorrerá em 4 encontros. O local dos 3 primeiros encontros será a sala 107 do IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) da UFRJ, no Largo de São Francisco – Centro do Rio de Janeiro. O 4º encontro ocorrerá na praça da Cinelândia, seguindo a tradição do Ocupa Rio! Confira as datas e os temas:

1) Terça 07/fev – 18h – IFCS (sala 107):
Tema: A REPRESENTAÇÃO. “Não nos representa”. Outras formas de organização, produção e mídia, além da disputa pelo estado, dos partidos, da imprensa convencional.

2) Terça 28/fev – 18h – IFCS (sala 107):
Tema: A PROPRIEDADE. “O comum além da propriedade”. Moradia, regularização fundiária, reforma urbana, cultura livre, cultura de resistência, cópia livre, difusão do conhecimento.

3) Terça 13/mar – 18h – IFCS (sala 107):
Tema: A IDENTIDADE. Os pobres constituindo o próprio mundo sem ser erradicados. Lutas de índios, mulheres, negros, LGBT. “Multidão queer”. Antropologia perspectivista e política menor.

4) Terça 27/mar – 18h – Praça da Cinelândia:
Convocatória de movimentos, lutas e ativistas, culminância do ciclo com dinâmica aberta na praça. Maiores detalhes a confirmar em breve.

Indicações de referências:

HARDT, Michael, artigo “O comum do comunismo”, no 4shared (em pdf).

NEGRI, Antonio e GIL, Gilberto. palestra “A constituição do comum”,no youtube.

ROLNIK, Suely, entrevista por Pedro Britto, ao projeto Corpocidade.

MATEI, Ugo, artigo “Por uma Constituição baseada nos bens comuns”, do Le Monde Diplô, no OcupaTeoria.

MATEI, Ugo, entrevista “A lei do comum: o vírus mutante das enclosures”, no Ocupa Teoria (repost do Instituto de Humanas da Unisinos).

GUERÓN, Rodrigo, artigo “Sobre Caetano, Cotas e Passeatas”, à revista Global 13.

CORSINI, Leonora. artigo “Identidade pra quê?”, à revista Global 7 (ir à PÁG. 24)

COCCO, Giuseppe, artigo “A nova (des)ordem do trabalho”, à revista Trópico.

PRECIADO, Beatriz, artigo “Multidões queer: notas para uma política dos anormais”, em Estudos Feministas

Livros completos:

NEGRI, Antonio e HARDT, Negri. Commonwealth [trad. "Comum"], versão em espanhol no 4shared (pdf).
[principalmente pág. 3-39 e 170-198]

VEGA, Oscar Camacho. Errancias: aperturas para vivir bien (Da experiência do comum indigenista na Bolívia e seus modos de viver bem), no 4shared (pdf).

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sistemas de Participação social no Conexões Globais 2.0. dia 28/01

"""No primeiro painel do evento, que aconteceu nesta quinta-feira (26) das 14 às 16 horas, os participantes discutiram a importância da criação de "Sistemas de Participação" social. Franco Bartolacci, professor de Ciência Política da Universidad Nacional de Rosario, na Argentina, afirmou que a democracia é algo em construção permanente e que a iniciativa de abertura de canais de diálogo deve partir tanto dos governos quanto da população. "A democracia é um território de conquista que exige uma cidadania informada, uma cidadania ativa". Para o Bartolacci, a criação de mecanismos de participação "é um processo do Estado, que deve abrir portas, mas é também um processo da sociedade civil, que deve tomá-lo como seu". """ ver link completo #fstematico

Franco Bartolacci também afirma que a política tem que mudar mas o que mais custa a mudar é a política. é preciso ainda pensar os movimentos, os tipos de movimento, maneiras de pensar diferenças, articulação entre agendas das pessoas, grupos, populações e governo.
Democracia exige outro tipo de compromisso como observa o texto do site do #FST2012: cidadania informada e ativa. Participação na deliberação, na decisão e no controle faz o povo governar. Bartolacci questiona: como construir a polis contemporânea??

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Da Primavera Árabe à internet na construção da Democracia 2.0: Antônio Martins

Da Primavera Árabe à internet na construção da Democracia 2.0 no Conexões Globais 2.0, no dia 25 de janeiro, na Casa de Cultura Mário Quintana parte do Fórum Social Temático

Antônio Martins, jornalista por um mundo pós-jornais. Ativista por uma democracia que torne a representação supérflua. Criador do Le Monde Diplomatique Brasil e do Outras Palavras. Antônio Martins explica que um pós-jornalista oferece elementos para a atransformação da realidade. Aponta sinais de miséria da democracia, de sua descontrução, delineada pela destruição do Estado do Bem Estar Social sem o menor debate com a sociedade. Diz que este é um período ruim para a cidadania. Mas Antônio Martins lista uma série de projetos coletivos que excluem mediações, intermediações. Neste contexto, aparecem indícios para construção renovada da democracia.
Antônio Martins recusa a idéia de representação no exercício da democracia, política não se faz de dois em dois anos mediante representação, política é ação concreta! Levanta que pontos de atrito, pontos de contato devem ser compreendidos para solução de problemas, por exemplo, como incidir no Estado?
Novas relações, novas relações com a natureza, reformas que passem por mobilizações, que as decisões sobre assuntos públicos sejam ampliadas à maneira de plebiscitos.
Neste ponto Marcelo Branco, mediador desta mesa, intervém: “As desintermediações chegaram a política, fruto da revolução digital”. Levanta a questão de delinear uma agenda da desintermediação e os mecanismos da pós-revolta.


A internet como direito humano no Conexões Globais 2.0, 25 de janeiro

A internet como direito humano no Conexões Globais 2.0, no dia 22 de janeiro, na Casa de Cultura Mário Quintana parte do Fórum Social Temático.
Webconferencista:Javier de la Cueva -advogado espanhol, especialista em direitos digitais.
Debatedores: Maria do Rosário -Professora, ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Rogério Santanna - Engenheiro Mecânico especialista em Gerência em Engenharia de Software. Foi Secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão e presidente da Telebrás. Giuseppe Cocco – professor de UFRJ. Cientista político, participa da Rede Universidade Nômade.

Javier de la Cueva coloca que toda internet é propriedade intelectual coletiva, Constrói sua argumentação com base no desenvolvimento do direito à liberdade: Direito à liberdade de expressão e de informação; o direito à igualdade. A validade liberdade de consciência se afirma na partilha das idéias e esta “comunicação” só pode ser exercida num contexto de liberdade e de segurança jurídica. Javier em outros textos já colocava que “os direitos humanos constituem um domínio negado ao poder, uma área em que a política não entra porque os direitos são invioláveis, inalienáveis e e indisponíveis”. Ressalta no quadro das tecnologias da informação e da comunicação a oportunidade, a necessidade e o exercício da influência, da partilha e cooperação pra o logro de objetivos comuns.
Uma das questões que Javier de la Cueva  levanta entretanto é que grande parte dos ativismos digitais se localizam em plataformas privatistas vinculadas aos Estados Unidos.
Giuseppe Cocco afirma que os direitos não devem ser pensados como concessão mas como produção e ainda para além da oposição entre o privado e o público. Será uma esfera que ainda teremos que criar. Segundo Giuseppe Cocco a atual crise é uma crise de direitos.
Rogério Santanna destaca sobre a dedicação dos oligopólios a captura das política públicas, afirmando a despeito do público seus próprios interesses. Aponta elementos de contradição entre forças políticas e interesses dentro dos governos.
Maria do Rosário além de discutir os direitos nas redes e a postura de abertura ao direito de informação sobre o governo, segundo ela não há mais governo privado, que tem que prestar contas sobre suas ações. Ressaltando os ativismos nas redes diz que desmentem a morte dos movimentos sociais.
Provocada sobre os eventos relativos ao despejo dos moradores do assentamento #Pinheirinho em São José dos Campos dia 22 de janeiro Maria do Rosário manifestou sua indignação pelo absurdo da situação, pois, haviam soluções pactuadas entre os envolvidos pelo Ministério das Cidades que foram rompidos pela justiça do estado de São Paulo. Para ela o evento do dia 22 é uma vergonha num país que é uma grande economia, onde se devem buscar soluções que assegurem os direitos humanos. Maria de Rosário diz que rejeita a solução violenta utilizada, protesta contra as bombas de gás, contra as balas de borracha, contra a demolição das casas.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Da Primavera Árabe à internet na construção da Democracia 2.0: comentário a fala de Gilberto Gil

Da Primavera Árabe à internet na construção da Democracia 2.0

Olga Rodriguez, jornalista especializada em Oriente Médio e escritora, é a webconferencista no Diálogo do dia 25 de janeiro no Conexões Globais 2.0 que acontece no Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre. A mesa denominada: "Da Primavera Árabe à Internet na Construção da Democracia 2.0", tem como debatedores o compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, o jornalista Antônio Martins e Vinicius Wu, coodenador do Gabinete Digital do Governo do Rio Grande do Sul.

Olga Rodrigues relata fatos e dados sobre a Primavera Árabe #Tahir #25Jan. Sobretudo como foi possível uma revolução num país cujo rendimento de um médico é de 100 dólares por mês, onde apenas 20% da população tem internet e um percentual expressivo da população sequer sabe ler

Gilberto Gil, músico e ministro da Cultura na gestão do Presidente Lula, coloca que a Primavera Árabe não é mais árabe, pois concomitantemente, tem componentes dos mundos árabes e ocidental.

Gilberto Gil explora campos comuns de mobilidade entre esses dois mundos e além disso, o deslocamento do horizonte utópico, com a formação de campos “próprios” com gente que escolhe seu lado. Gil propõe o termo futurível: futuros possíveis que abranjam a política, a economia, a gestão, a planificação.

Gilberto Gil certamente recorre ao significado da palavra possível – aquilo que pode ser, existir, acontecer; aquilo que é praticável; verossímil, provável. Neste sentido remetendo ao desgaste da palavra utopia no Século XX, coloca o horizonte do pós utópico e do proto utópico (uma nova utopia, novinha). Gil relaciona esta defasagem, essa passagem ao termo clarão, clareira heideggeriano.

[Clareira aquilo que se dá como o livre. Numa floresta a luz penetra onde o espaço encontra-se de antemão liberado pela clareira. Do mesmo modo, o homem projeta-se e se abre para os fatos do mundo.]

[Verbete Utopia em Nicola Abbagnano (Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins fontes, 1998) diz que “utopia representa a correção ou a integração ideal de uma situação política, social ou religiosa existente. Como muitas vezes aconteceu, essa correção pode ficar no estágio de simples aspiração ou sonho genérico, resolvendo-se numa espécie de evasão da realidade vivida”. No entanto Gil tem razão sobre o desgaste do termo utopia Sobretudo na literatura e na arte, contata-se a recorrente emergência do “pós-utópico”, em que o futuro perde sua ‘posição’ de ‘terra prometida’, que pode gerar o mundo perfeito, o melhor dos mundos.]

Assim Gil reitera: a Primavera Árabe não é só árabe como o parlamento americano não é mais tão ocidental quanto se pressupunha (sobretudo com os episódios que protagoniza neste novo milênio).

Por outro lado na construção da democracia pela internet, Gil adverte, não se deve esperar apenas escadas, mas também subidas íngremes, não apenas trilhos (geometricamente e seguramente paralelos) mas também trilhas tortuosas...
#ConexoesGlobais

Diálogos Globais no Conexões Globais 2.0 - programação dia 25/01


16h - Diálogos Globais

A ideia do Conexões Globais 2.0 é transformar o vão central da Casa de Cultura Mário Quintana num verdadeiro palco de Diálogos Globais. Essa espaço - multimídia e multifuncional  - conectará o público via webconferência com ativistas que participaram das grandes mobilizações que questionaram os limites da democracia e chacoalharam o mundo em 2011.

16h às 17h15 – A internet como direito humano

Webconferencista: Javier de la Cueva - advogado espanhol, especialista em direitos digitais.  

Debatedores:
Maria do Rosário - Professora, deputada federal e atualmente ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - @_mariadorosario
Rogério Santanna  - Engenheiro Mecânico especialista em Gerência em Engenharia de Software, Gestão Empresarial pela UFRGS e em Marketing pela FGV. Foi diretor presidente da Procempa, Secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão e presidente da Telebrás. @santannarogerio
Giuseppe Cocco – professor de UFRJ. Cientista político, participa da Rede Universidade Nômade. Escreveu, com Antonio Negri, GlobAL: Biopoder e Luta em uma América Latina Globalizada e MundoBraz: o devir Brasil do mundo e o devir-mundo do Brasil.

18h15 - Diálogo Global

18h15 às 19h30 – Da Primavera Árabe à Internet na Construção da Democracia 2.0


2011 ficou marcado pelas mobilizações por maior participação. Foi o ano dos manifestantes e indignados 2.0. Nos países árabes, a população se insurgiu e as ditaduras começaram a ruir. A onda se espalhou por todo mundo: milhões de pessoas foram às ruas questionar os limites da democracia representativa. Como estas experiências podem influenciar na construção de uma nova democracia tendo a internet como plataforma de apoio? #globalrevolution #gabinetedigital #primaveraarabe #globalchange
Webconferencista: Olga Rodriguez@olgarodriguezfr
Jornalista especializada em Oriente Médio e escritora. Colabora com o jornal Publico e com o jornal online Periodismo Humano. Atualmente finaliza um livro sobre as revoltas árabes, que será lançado em maio, com o título “Yo muero hoy” [Eu morro hoje] (Debate). É autora dos livros “El hombre mojado no teme la lluvia: Voces de Oriente Medio” (Debate, 2009), “Aquí Bagdad” (2004) e do livro coletivo “José Couso, la mirada incómoda” (2004). Trabalhou no Afeganistão, Egito, Iraque,  Israel, Territórios Ocupados Palestinos, Jordânia, Kosovo, Líbano, México, Siria, Iêmen e Estados Unidos, entre outros países. Durante dez anos trabalhou na cadeia SER, Cuatro e CNN+.
Debatedores:
Gilberto Gil -
Músico, compositor. Ex-ministro da Cultura do Brasil. @gilbertogil
Antônio Martins - Jornalista por um mundo pós-jornais. Ativista por uma democracia que torne a representação supérflua. Criador do Le Monde Diplomatique Brasil e do Outras Palavras - @antoniomartins
Vinicius Wu - Secretário Chefe de Gabinete do Governador e Coordenador Geral do Gabinete Digital do Governo do Rio Grande do Sul - @vinicius_wu

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Tecedora: Castells debate os dilemas da internet

Tecedora: Castells debate os dilemas da internet

Do Outras Palavras tbm:

Entrevista concedida pelo sociólogo Manuel Castells ao programa
Europa Abierta, da rádio e TV pública espanhola, uma entrevista de enorme importância para o debate destes temas.

"Está surgindo uma era de “autocomunicação de massas”: Em suas análises anteriores, e nas de outros autores, já se falava numa “era de comunicação compartilhada”, que substituiria, a “comunicação de massas”. Castells acrescenta, agora, um outro dado. Além de dispensar o conteúdo dos grandes meios, estabelecendo trocas conteúdos em pequenos grupos, os cidadãos estão se tornando capazes de falar às massas. As redes sociais permitem multiplicar mesmos mensagens transmitidas por pequenos grupos, quando estes são capazes de sensibilizar as sociedades. É o que ocorreu, por exemplo, nas revoluções tunisiana e egípcia."

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Planeta Dívida

Planeta Dívida
de Bruno Cava

A dívida que nos devora


Na última década, a dívida dos estados mais que dobrou. Foi de 18 trilhões, em 2001, para 45 trilhões de dólares, em 2011. Os países desenvolvidos são os mais endividados: devem mais de 150% do PIB. Fala-se em “dívida soberana” do país, mas hoje vários estados europeus foram subjugados exatamente por causa dela. A chantagem da dívida submete os governos e, em tempos de crise global, desmascara a farsa democrática. Fica exposto quem verdadeiramente comanda a máquina representativa, triplamente mistificada por estado, partidos e grande imprensa — um único saco de farinha. A ponto de, na Itália, os plutocratas resolverem assumir o governo eles mesmos, na figura de Mário Monti. O financista insider é o novo primeiro-ministro. Jamais um golpe de banqueiros e rentistas (mercados…) tomou um governo de modo tão escancarado. It´s business, stupid! Nos países emergentes, é verdade que a dívida pública relativa ao PIB caiu sensivelmente, de 49% para 45%, no mesmo período. O que se deve, em boa parte, ao crescimento do PIB desses países, e não à redução do débito bruto. A dívida interna brasileira, por exemplo, pela primeira vez ultrapassou 1,0 trilhão de dólares, em 2011, cerca de 40% de seu PIB ascendente.


Além dos gigantescos débitos públicos, também vem se disseminando o endividamento privado. No hemisfério norte, contingentes inteiros da população devem na forma de faturas de cartão de crédito, financiamentos, hipotecas e bolsas de estudo. Nos EUA e Canadá, a dívida doméstica excedeu 100% da massa de renda. Isto significa que o cidadão deve mais do que ganha. Em alguns países europeus, a relação passa dos 150%.

No Brasil, segundo o IPEA, o endividamento doméstico é menor. Porque antes simplesmente não havia crédito para a maioria. Durante o governo Lula, as políticas de financeirização alcançaram a sociedade como um todo. Muito mais pessoas passaram a usar cartão de crédito, cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos etc. Hoje, 44% das famílias brasileiras possuem dívidas, que, no cômputo total, correspondem a 40% da massa de renda. O endividamento médio oscila ao redor de R$ 5 mil por família. Em comparação ao volume da dívida pública interna, é pouco. Basta um rápido exercício: dividam-se seus R$ 1,8 trilhões pelas 60 milhões de famílias brasileiras, resulta um quociente de R$ 30 mil para cada família. Isto é, a dívida pública socializada equivale a seis vezes o valor do endividamento privado médio. Mesmo os muito pobres sem conta no banco pagam a dívida nos atos mais prosaicos, como comprar o pãozinho da padaria, cujo preço embute impostos.

Como pode haver tantos endividados, tantos trilhões em dívidas públicas e privadas? como isso aconteceu? onde está o outro lado da equação? quem são os credores desse bolão trilhardário? Parece haver muito mais dívida do que crédito. E o pior é que pouco se fala disso nas mídias. O mundo das finanças é colocado como esotérico, como um discurso competente para o club: sempre os mesmos engravatados aspirantes a profeta que aparecem na TV e nos jornais. Os cidadãos ficam distantes, movimentos sociais idem. As velhinhas de Taubaté juram de pé junto que a ekipeconômica sabe o que está fazendo com o dinheiro de todos. Enquanto policarpos repetem a mensagem do grande líder: trabalhem, trabalhem, trabalhem, e deixem o governo trabalhar.


De fato, a conta débito/crédito não fecha. Não é pra fechar. Contra o senso comum, tem muito, mas muito mais débito do que crédito na praça. E isso não é um defeito nem distorção especulativa: precisamente assim, com uma dívida loucamente maior, a economia global pode funcionar. As finanças e o endividamento não constituem um acidente de percurso, mas o motor do capitalismo. O sistema financeiro organiza e distribui uma dívida perpétua e impagável, renovada sem parar com a emissão de novos títulos e promissórias. Uma dívida infinita que nem Deus paga. A cada promessa/dívida contraída com bancos e fundos, é criado ex nihilo um novo papel, que por sua vez monetiza a economia, alimenta-a de liquidez, ou seja, de fluidez e poder de ação. É que os títulos derivados do crédito podem circular quase do mesmo modo que o papel-moeda. Eles são dinheiro.


Acredita-se que os governos controlem a emissão de dinheiro, mas não. Ele é emitido por bancos privados e mesmo os bancos centrais estão vinculados às demandas de liquidez elaboradas pelos “mercados”. A mãe de todas as privatizações foi a privatização da moeda. E as pessoas acreditam; quem não iria acreditar na efígie santa do dólar americano ou do marco alemão? No euro, nem tanto. Em qualquer caso, a moeda busca reproduzir e perpetuar as relações de poder. Quem controla a moeda não precisa fazer as leis, já dizia Rothschild. Injetar liquidez (mais dinheiro) na economia é um modo de injetar fluxos de poder, para fortalecer atores-chave e conter as revoltas e insatisfações. Não à toa exija-se desses atores-chave o comportamento desejado pelo establishment financeiro, antes da injeção das divisas. É um ciclo vicioso entre moeda, dívida e propriedade, que o sistema financeiro metrifica e comanda. Os bancos centrais, como o malabarista chinês, ficam com a função de de equilibrar os muitos pratos que os grandes players põem a girar.


Nesse processo, a base monetária inflaciona na medida do crescimento, aprofundamento e intensificação das dívidas. E dos seguros sobre dívidas, e da titularização e circulação disso tudo. No fundo, é como uma cebola, você vai descascando as camadas até encontrar… o nada. Através dessa dívida em várias camadas, a plutocracia financista controla os governos, forja a governabilidade, assegura a concentração de rendas e lucros e, — não poderia faltar, — conserva o regime desigual da propriedade. E não pára por aí: a dívida generalizada pelo mundo opera no nível subjetivo, moldando uma espécie bastante específica de sujeito social: o homem endividado.


É a tese central do novo livro do sociólogo Maurizio Lazzarato, da universidade de Paris I, A fábrica do homem endividado: ensaio sobre a condição neoliberal (ed. Amsterdam, 2011).


Dívida como governança


Nas últimas décadas, os ganhos vêm sendo privatizados nas mãos de uma faixa mínima, cada vez mais seleta de privilegiados. É o 1%, a minoria contra quem se insurge o movimento Occupy pelo mundo. Enquanto isso, as perdas são socializadas aos 99% restantes, endividados até o pescoço. O novo proletário é o homem endividado, empreendedor de si mesmo, constrangido a planejar a vida em função de débitos, compromissos, riscos e oportunidades. Os lucros do sistema expandem, mas a desigualdade se reproduz e se aprofunda. Trata-se de assegurar o paraíso de fortunas incalculáveis à minoria, e sustentar o purgatório da austeridade à maioria.


A dívida geral assume uma função política, produtiva e distributiva. O nó górdio do modo de produção capitalista não é a mercadoria, mas o crédito. A governança neoliberal instaurada a partir dos anos 1970 precarizou os trabalhadores. O cidadão, dizem, tinha direitos e deveres. Mas sobrou apenas o dever, na acepção de dívida. O estado se desencarrega de saúde, educação, previdência, bem estar, e assim força o indivíduo a econometrizar-se. Ou seja, a calcular para si custos, perdas, ganhos e riscos, num horizonte de longo prazo. Os direitos sociais se converteram em dívidas sociais. Nessa lógica, o estado foi mínimo quanto ao desmonte das garantias sociais. Mas máximo na proteção da classe credora e proprietária, e máximo no quesito controle social. O estado máximo do neoliberalismo submeteu populações a mecanismos violentos de gestão da pobreza, imigração e resistência política.


Paradoxalmente, a globalização fortaleceu os estados nacionais, na medida em que estão integrados à ordem financeira supranacional e a operam como atravessadores de políticas. O estado se fortaleceu no norte e no sul, em ambos os casos na direção do socialismo tecnocrático. Lá, de onde escoa o dinheiro, para socializar as perdas financeiras e planificar integralmente a economia. Aqui, para onde escoa o dinheiro, para socializar os custos do desenvolvimento e igualmente planificar integralmente a economia. Burocratas no comando para fazer o que tem de ser feito, numa política coletivista, a mando de quem possui a propriedade sobre o capital. A culminância do capitalismo deve ser mesmo o socialismo: uma racionalidade férrea que impõe o progresso do capital e proletariza a todos. Vence a planificação central, a dívida pública, a tecnocracia das soluções científicas, no melhor socialismo do capital que cresce a taxas chinesas. Concordam os filósofos: o futuro será socialista ou comunista.


A consciência endividada


Para Lazzarato, a dívida não é só uma condição objetiva, mas subjetiva de nosso mundo. Mais que condição econômica, uma subjetividade, com sua moral e sua culpa. Se a economia é a ciência dos comportamentos, como se comporta o cidadão moderno que vive em dívida? Estamos devendo. A dívida, como promessa, guarda uma memória. Quem está em dívida não consegue esquecer. Lembra-se a todo momento de seu fardo, de sua obrigação condoída, e isso entristece, atrapalha o sono, tira a fome. A relação da dívida afeta-o como culpado por sua condição. É como uma marca. O sistema bancário opera como a máquina de torturas da Colônia Penal. Como nos morros cariocas, a gente abre crédito pra você, mas, se não pagar, seu nome vai pro prego.


Homem bom é Shylock: honra seus compromissos e poupa para administrar suas dívidas, — sempre reconhecidas. O que importa é fazer a sua parte e manter-se solvável. Autoexploração. Ars debitorium, a arte de viver achacado de dívidas. Psicanalistas lacanianos talvez estejam certos, o capitalismo ordena gozem! consumam! vivam ao extremo!, mas é impossível e a culpa é sua. A moral do capitalismo hodierno não se baseia somente na lógica esforço-recompensa, mas sobretudo da promessa-culpa.


O homem endividado é imagem da miséria. Um regime onde uma enorme riqueza, por todos produzida todos juntos, existe apenas para a fruição de uma faixa minúscula da população: os credores. Os demais assistem deslumbrados às fantasias plastificadas da TV: que se contentem com as migalhas. Num contexto de crise, magras migalhas. Esse contentamento fariseu. Como pombos, acreditam ser livres. Esforçam-se, e vão deprimindo-se nesse esforço, para serem todos proprietários, todos empreendedores, todos acionistas da riqueza social. “Todos serão proprietários”, promete Sarkozy. Queremos uma “sociedade de proprietários”, promete Bush. Não era esse o idílio de justiça de John Rawls, todos proprietários? O emblema maior dessa promessa só pode ser a casa própria. O signo supremo do comercial de margarina, signo do cidadão de bem, com um compromisso suficientemente sério e que atesta a consistência de um projeto de vida. Mas quando os subprimes desmentem as promessas fajutas de moradia universal, só resta mesmo descrer em toda essa lógica viciada e ocupar Wall Street. Nunca nos representaram. A crítica à democracia representativa não pode prescindir da análise econômica e financeira.


Lutar contra o futuro


Muitos comparam o mundo das finanças a um cassino. Jogam muito alto com o dinheiro alheio, sem nenhum mandato. Mas é pior do que isso. Jogam com o nosso futuro. Eis aí a acumulação originária do século 21: desapossamento do futuro. Marx descreveu como a ordem capitalista precisou desapossar os camponeses e cercar as terras comuns, a fim de coagi-los a trabalhar na cidade, a proletarizar-se nas fábricas. O capitalismo financeirizado desapossa o futuro das pessoas. Codifica-os dentro de planos de investimento, do endividamento a longo prazo que, prometem, permitirá acesso à moradia, estudos, viagens, filhos, à felicidade da novela das 8. Ganham importância as estatísticas, projeções, seguros, aulas sobre crédito e corretores bem intencionados. Eles lêem a fortuna, calculam, prevêem. Afinal, é preciso ser previdente que o futuro é incerto. O problema marxista da realização do valor está resolvido. Cada um investe o seu futuro, seu panorama de escolhas e decisões, sua subjetividade. Pequenas concessões no presente versus grandes implicações no futuro. Nesse ato, endivida-se, e essa dívida é abstraída num papel circulante que representa valor, i.e., vira dinheiro. Eis a fábrica de crenças, de confiança (faites-moi confiance).


Então, como resistir?


Em primeiro lugar, reconhecer que a crise global não se resume a fracasso de uma racionalidade econômica ou financeira. É uma crise social e política. Uma crise dos dispositivos e mecanismos de fabricar consensos e governar as populações a partir da dívida. Nesse contexto, em vez de aguardar a catástrofe que não virá ou refugiar-se em utopias de cátedra (com as quais o poder convive bem), é caso de trabalhar para que a crise não seja torcida ainda mais contra a classe devedora. É fazer política contra as tecnocracias bancárias e as receitas desenvolvimentistas, à direita ou à esquerda. O tempo da crise clama por ocupações, greves, sabotagens, pela obstrução dos mecanismos da representatividade; mas também pela construção do novo mundo: nova mídia, política e direito, uma nova economia política, uma nova moeda. A parte da destruição, a parte da construção.


Por outro lado, aquilo que nos devora também pode ser devorado. Se a moeda é instância privilegiada da dominação, também aí se descortina um campo de batalha. Reapropriar-se da riqueza social ocupando o mundo das finanças, esse poder líquido que capitaliza o futuro. Trata-se de libertar o futuro, de livrar a moeda de seu papel homogeneizador e codificador do homem e sua consciência. Há marxistas que se apressam em buscar programas nas primeiras páginas de O Capital, e acabam demonizando o trabalho abstrato, o valor de troca e o dinheiro. Mas a repropriação da riqueza não dispensa retomar o que de mais abstrato se produziu: o processo do dinheiro. Retomar o dinheiro, comunalizar a moeda e comprovar que a Grande Dívida, na realidade, não existe.


À socialização da dívida, uma socialização do crédito, aberto a todos. À dívida da existência, uma renda da existência. Como nos antigos jubileus papais, que, de 50 em 50 anos, remitiam os pecados, perdoavam as dívidas e libertavam os escravos. É atirar ao chão o fardo de Sísifo endividado, ascender à segunda inocência de que falava Nietzsche, citado por Lazzarato. A ironia maior: subverter o dinheiro para acabar com a propriedade. Isso implica desde o direito à insolvência à organização de calotes coletivos (de estudantes, hipotecados, consumidores etc). Quando o dinheiro passa a encarnar o homem, ele também pode reconquistá-lo, e assim se liberta.