Nas manifestações tinhA, VIA Tatiana Roque facebook
Nas manifestações tinha:
- jovens saindo às ruas pela primeira vez, motivados por participar de
um evento coletivo de rua que não era carnaval nem futebol
-alunos de escolas públicas e particulares, em franco processo de
politização, para um lado que ainda não sabemos qual (talvez os do Pedro
II para a esquerda e os do Santo Inácio par a direita, mas não
necessariamente)
-movimentos organizados que já estão aí há séculos: negros,sem-terra, sem-teto...
-infiltrados de direita, skinheads filhos da puta que quiseram sequestrar o ato atacando os grupos acima
-partidos de esquerda PSTU, PSOL, PCO identificados como partidos tout court, e para a infelicidade deles também ao PT
-infiltrados de direita, talvez para militares, enfim filhos da puta que deram porrada em quem era de partido
-militantes do PT e da CUT que acharam corretamente que deviam
participar das manifestações, afinal algumas das pautas são históricas
destes movimentos
-pessoas, simplesmente pessoas, insatisfeitas
com as concessões do governo e dos “políticos”, que não distinguiam
entre um governo e outro, um político e outro e apoiavam os atos contra
os partidos
-pessoas, simplesmente pessoas, que estão de saco
cheio de ver o dinheiro jorrando para estádios e eikes e de não ver
contrapartida à altura em suas condições de vida e de trabalho (ex.
trabalhadores da saúde)
-pessoas, mais pra jovens muito jovens,
que são contra a corrupção, não viram o que havia antes e compram
parcialmente o discurso da mídia que cola estas práticas ao PT
-militantes que já foram muito petistas, como eu, putos com as
concessões do governo aos ruralistas, contra os índios, aos evangélicos,
aos felicianos etc.
-gays e simpatizantes super bem-humorados contra a absurda cura gay
-militantes de esquerda, mais velhos, que já foram pra rua inúmeras
vezes para lutar contra a corrupção, quando o PT era oposição, em uma
luta que não era considerada vazia e sem projeto
-muitos gritos contra a rede Globo, de esquerda e não
-pessoas, simplesmente pessoas, que estão putas
-ah! E os tais “vândalos”. Radicais de direita ou esquerda?
Saqueadores? Jovens que já sofreram muito na mão da polícia e que
queriam dar o troco? Provocadores pagos para desqualificar o ato?
Enfim, podem acrescentar mais, havia muitos atos em um. Mas por favor,
não venham me dizer que foi um ato de direita, fascista, contra a Dilma
ou o PT. No Rio não foi! O único grito que pegava era “Ei Cabral vai
tomar no cú!”. Às vezes Dudu no lugar do Cabral, eu ficava com o meu na
mão esperando a hora que ia entrar Dilma, PT e Lula, mas não colava, uns
ou outros timidamente aqui e ali, mas não colava.
Pessoal, vamos desligar a TV porque não podemos ser pautados pela mídia, nem para concordar nem para discordar.
Um pouco de Foucault senão sufoco: olhar as coisas do ponto de vista da
produção de subjetividades. Os sujeitos se constituem nas lutas, nos
enfrentamentos, nos antagonismos, ficando putos! O processo de
subjetivação destes novos sujeitos políticos está em disputa, está
aberto, em tensão. Bora pra luta, vamos criar agenciamentos,
assembleias, tudo que sonhávamos há anos.
Não adiantam rótulos,
chavões, preguiça ou simplesmente desculpas pra não olhar pro próprio
umbigo e ver os erros que cometemos (nós, da esquerda, do PT!). É hora
de queimar a mufa, ler coisas novas: Foucault, Deleuze, Negri e entender
o que está acontecendo. Devir, multidão é isso! Temos uma grande chance
de praticar nossas filosofias.... fora da universidade (ufa!).
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