sábado, 29 de junho de 2013
o direito aos meios de locomoção é inalienável
Ildefonso Cerdà, engenheiro de transportes, fez o Projeto da expansão de Barcelona, considerado um dos criadores do urbanismo, em Teoria Geral da Urbanização escrito em 1867, declara como princípios inalienáveis: a propriedade e a autonomia relativamente ao equilíbrio de laços (familiar, local, etc.) como também o direito aos meios de locomoção (tráfico de rodagem e pedestre).
ISTOÉ Independente - Plebiscito pode economizar bilhões
ISTOÉ Independente - Plebiscito pode economizar bilhões
Até ministros do STF tocaram neste assunto.
Plebiscito pode economizar bilhões
Em minha humilde ignorância, confesso que não entendo quem diz que o plebiscito sobre reforma política pode custar caro demais. Meio bilhão, disse alguém.
Até ministros do STF tocaram neste assunto.
Data Venia, eu acho estranho.
Falar em meio bilhão ou até mais é falar de uma pechincha.
Nós sabemos que o Brasil tem um dos sistemas eleitorais mais caros do mundo. Isso porque é um sistema privado, em que empresas particulares disputam o direito de alugar os poderes públicos para defender seus interesses em troca de apoio para seus votos. As estimativas de gastos totais – é disso que estamos falando -- com campanhas eleitorais superam, com facilidade, meio bilhão de reais. São gastos que ocorrem de quatro em quatro anos, aos quais deve-se acrescentar uma soma imponderável, o caixa 2. Sem ser malévolo demais, não custa recordar que cada centavo investido em campanha é recuperado, com juros, ao longo do governo. Quem paga, mais uma vez, é o contribuinte.
O debate não é apenas este, porém.
Um plebiscito pode dar um impulso decisivo para o país construir um sistema de financiamento público, em que os recursos do Estado são empregados para sustentar a democracia – e não negócios privados.
Explico. Nos dias de hoje, o limite dos gastos eleitorais é dado pelo volume dos interesses em jogo. Falando de um país com um PIB na casa do trilhão e uma coleção de interesses que giram em torno do Estado na mesma proporção, você pode imaginar o que está em jogo a cada eleição.
Bancos contribuem com muito. Empreiteiras e grandes corporações, também. Como a economia não é feita por anjos nem a política encenada por querubins, o saldo é uma dança milionária na campanha. Troca-se o dinheiro da campanha pelo favor do governo. Experimente telefonar para o gabinete de um simples deputado e pedir para ser atendido. Não passará do cidadão que atender o telefone e anotar o recado, certo?
Mas dê um milhão de reais para a campanha deste deputado e conte no relógio os segundos que irá esperar para ouvir sua voz ao telefone. Não é humano. É político.
Não venha me falar que isso acontece porque o brasileiro está precisando tomar lições de moral na escola e falta colocar corruptos na cadeia em regime de prisão perpétua.
O sistema eleitoral norte-americano é privado, os poderes públicos são alugados por empresas de lobistas e muito daquilo que hoje se faz por baixo do pano, no Brasil, pode-se fazer às claras nos EUA.
A essência não muda, porém. Empresas privadas conseguiram impedir uma reforma do sistema de saúde que pudesse atender à maioria da população a partir de uma intervenção maior do Estado, como acontece na Europa. Por causa disso, os norte-americanos pagam por uma saúde mais cara e muito menos eficiente em comparação com países de desenvolvimento semelhante.
A força do dinheiro privado nos meios políticos explica até determinadas aventuras militares, estimulando investimentos desnecessários e nocivos ao país e mesmo para a humanidade.
Só para lembrar: na Guerra do Iraque, que fez pelo menos 200.000 mortos, George W. Bush beneficiava, entre outros, interesses dos lobistas privados do petróleo, negocio dos amigos de sua família, e de empresas militares, atividade do vice Dick Cheney.
Essa é a questão. A reforma política poderá consumar a necessária separação entre dinheiro e política, ao criar um sistema de contribuição pública exclusiva para campanhas eleitorais, ponto decisivo para uma política feita a partir de ideias, visões de mundo, valores e propostas – em vez de interesses encobertos e fortunas de bastidor.
Pense na agenda do país para os próximos anos. Os interesses privados, mais do que nunca, estarão cruzados no debate público. Avançando sobre parcelas cada vez maiores da classe média e dos trabalhadores, os planos privados de saúde só podem sobreviver com subsídios cada vez maiores do Estado. O mesmo se pode dizer de escolas privadas.
Não se trata, é obvio, de uma batalha fácil. Não faltam lobistas privados para chamar o financiamento público de gigantismo populista e adjetivos do gênero. Eles não querem, na verdade, perder a chance de votar muitas vezes. No dia em que vão à urna, como eu e você. No resto do mandato dos eleitos, quando pedem a recompensa por seus favores.
Com este dinheiro, eles garantem um privilégio. Impedem a construção de um país onde cada eleitor vale um voto.
Os 513 congressistas que irão debater a reforma política são filhos do esquema atual. Todos têm seus compromissos com o passado e muitos se beneficiam das receitas privadas de campanha para construir um patrimônio pessoal invejável. As célebres “sobras de campanha” estão na origem de muitas fortunas de tantos partidos, não é mesmo?
O plebiscito é um caminho para se mudar isso. Permitirá um debate esclarecedor a esse respeito. Caso o financiamento público seja aprovado, colocará a opinião da população na mão dos deputados que vão esclarecer a reforma.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
O significado e as perspectivas das mobilizações de rua | Brasil de Fato
O significado e as perspectivas das mobilizações de rua | Brasil de Fato
Para João Pedro Stedile, a juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica. Assim, estão sendo disputados pelas ideias da direita e da esquerda
Para João Pedro Stedile, a juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica. Assim, estão sendo disputados pelas ideias da direita e da esquerda
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Movimento Passe Livre – São Paulo » Blog Archive » Carta aberta do MPL-SP à presidenta
Movimento Passe Livre – São Paulo » Blog Archive » Carta aberta do MPL-SP à presidenta
(...) "O Movimento Passe Livre, desde o começo, foi parte desse processo. Somos um movimento social autônomo, horizontal e apartidário, que jamais pretendeu representar o conjunto de manifestantes que tomou as ruas do país. Nossa palavra é mais uma dentre aquelas gritadas nas ruas, erguidas em cartazes, pixadas nos muros. Em São Paulo, convocamos as manifestações com uma reivindicação clara e concreta: revogar o aumento. Se antes isso parecia impossível, provamos que não era e avançamos na luta por aquela que é e sempre foi a nossa bandeira, um transporte verdadeiramente público. É nesse sentido que viemos até Brasília." (...)
(...) "O Movimento Passe Livre, desde o começo, foi parte desse processo. Somos um movimento social autônomo, horizontal e apartidário, que jamais pretendeu representar o conjunto de manifestantes que tomou as ruas do país. Nossa palavra é mais uma dentre aquelas gritadas nas ruas, erguidas em cartazes, pixadas nos muros. Em São Paulo, convocamos as manifestações com uma reivindicação clara e concreta: revogar o aumento. Se antes isso parecia impossível, provamos que não era e avançamos na luta por aquela que é e sempre foi a nossa bandeira, um transporte verdadeiramente público. É nesse sentido que viemos até Brasília." (...)
domingo, 23 de junho de 2013
sábado, 22 de junho de 2013
Esquerda se une em São Paulo para decidir como atuar em manifestações pelo país | Brasil de Fato
Esquerda se une em São Paulo para decidir como atuar em manifestações pelo país | Brasil de Fato
José Coutinho Júnior
de São Paulo (SP)
Nesta sexta (21/06), 76 organizações de esquerda , representando movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos se reuniram no sindicato dos químicos em São Paulo para avaliar o cenário de mobilizações no Brasil e como criar uma unidade entre si para atuar nestas manifestações.
A avaliação feita pelas organizações é de que as manifestações, que iniciaram em torno da redução da tarifa do transporte público na cidade, tem um caráter progressista, pois buscam a ampliação de diversos direitos sociais para a juventude e para a classe trabalhadora, indignadas com a situação em que vivem há anos.
No entanto, a direita organizada tenta dar os rumos do movimento, enfatizando o nacionalismo e explorando o senso comum de que as organizações políticas são a causa dos problemas do país, afirmando que as manifestações são de um povo que, unido não precisa de partidos ou organizações.
Dessa forma, a direita inicia um processo de incitação ao ódio às organizações trabalhadoras, responsáveis por construir lutas e mobilizações, para que estas sejam impedidas de participar ativamente das mobilizações com suas pautas progressistas, tentando assim acabar com o caráter de classe e de luta por direitos concretos das mobilizações.
A violência, tanto verbal quanto física, esta causada por grupos de skinheads e neonazistas, que movimentos sociais, partidos e sindicatos sofreram no ato da última quinta (20/06) em São Paulo, revela bem a capacidade dessa direita em utilizar o sentimento de indignação contra a política para expulsar a classe trabalhadora organizada dos atos.
Frente a isto, as organizações presentes avaliaram que é o momento de se unir, construindo uma plataforma política unitária e se organizar para levar as pautas da classe trabalhadora para as mobilizações, como a democratização dos meios de comunicação, a redução da jornada de trabalho, a suspensão dos leilões do pré-sal, a reforma política e a prioridade de investimento dos recursos públicos em saúde e educação, politizando desta forma as ruas e a população que se manifesta.
A violência deve ser combatida, mas é preciso ter em mente que ela é causada principalmente por grupos da extrema direita, e não pela maioria presente nos atos, que acaba sendo manipulada por estes grupos. As organizações avaliam que devem estar presentes nas ruas para disputar a consciência destas pessoas, além de realizar uma jornada nacional de lutas conjuntas para reivindicar suas pautas e mostrar sua força.
Estavam presentes organizações como a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Via Campesina, União Nacional dos Estudantes (UNE), Intersindical, Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Partido Socialismo e Liberdade (PSOl), Partido dos Trabalhadores (PT), dentre outros. Reuniões como esta estão sendo feitas em outros estados, como Rio de Janeiro, Brasília e Minas Gerais.
Ontem Foi Pior | VICE Brasil
Ontem Foi Pior | VICE Brasil
Se o 6º ato convocado pelo MPL SP foi no mínimo estranho após as tentativas de apropriação pelos setores mais reacionários da sociedade paulistana, o de quinta-feira, que foi transformado em uma comemoração pela redução da tarifa, foi um show de horror.
A chamada de violência genérica contra “bandeiras e partidos” que tomou as redes sociais abriu espaço pra que playboys e skinheads estuprassem algumas demandas anarquistas e realizassem um pogrom contra grupos que, ao contrário deles, apoiavam a manifestação desde o início. Não dá pra engolir papo “apolítico” quando rasgam uma bandeira do movimento negro.
Ver o grupo do MPL no final da Paulista foi sintomático. Enquanto eles cantavam “Vem pra rua vem / Tarifa Zero”, um outro grupo vestido com as cores da bandeira brasileira tentava berrar “Vem pra rua vem / Contra o governo”. No pronunciamento final do MPL, eles fizeram questão de se declarar de esquerda e dispersaram rápido. A galera neonacionalista que adora bradar “Ê, Brasil”, que adora odiar a mídia mas é pautada por ela e por montagens de Facebook, ficou lá.
Pra conta de quem vai esse roubo direitista? Da demora em responder da prefeitura, da violência do governo do estado, da manipulação da grande mídia, da idiotia de governistas nas redes. Como esquecer do “parecia uma convenção do PSDB” dito sobre o primeiro ato? Parabéns. Dessa vez, parecia mesmo.
A única frente de esquerda que restou foi um bloco de anarquistas, tremulando suas bandeiras rubro-negras, acompanhados, na linha de frente, por um pequeno grupo de skinheads antifascistas. Mais cedo, a massa verde-e-amarelo cercou eles, gritando “sem partido!”. Aí caiu a ficha: ninguém ali sabe nem o que é anarquismo.
Dois jovens conversavam sobre o ataque anterior. “Mas eu voto nulo, cara”, dizia um. “Sim, mas não é desse jeito”, explicava o amigo. Do lado, chega um cidadão nervosíssimo, com uma camiseta do MST, e acaba com o papo: “É o seguinte, pessoal: agora é união antifascista”. Recado entendido, bloco segue em frente, berrando “Fascistas, racistas, não passarão”. Enquanto isso uma parte da malta havia descido para o centro, e acabou trombando o Point, tradicional reunião de pichadores na região da Av. São João. Ali, parece que a esquerda foi vingada.
Siga o André Maleronka no Twitter: @andre_maleronka
Se o 6º ato convocado pelo MPL SP foi no mínimo estranho após as tentativas de apropriação pelos setores mais reacionários da sociedade paulistana, o de quinta-feira, que foi transformado em uma comemoração pela redução da tarifa, foi um show de horror.
A chamada de violência genérica contra “bandeiras e partidos” que tomou as redes sociais abriu espaço pra que playboys e skinheads estuprassem algumas demandas anarquistas e realizassem um pogrom contra grupos que, ao contrário deles, apoiavam a manifestação desde o início. Não dá pra engolir papo “apolítico” quando rasgam uma bandeira do movimento negro.
Ver o grupo do MPL no final da Paulista foi sintomático. Enquanto eles cantavam “Vem pra rua vem / Tarifa Zero”, um outro grupo vestido com as cores da bandeira brasileira tentava berrar “Vem pra rua vem / Contra o governo”. No pronunciamento final do MPL, eles fizeram questão de se declarar de esquerda e dispersaram rápido. A galera neonacionalista que adora bradar “Ê, Brasil”, que adora odiar a mídia mas é pautada por ela e por montagens de Facebook, ficou lá.
Pra conta de quem vai esse roubo direitista? Da demora em responder da prefeitura, da violência do governo do estado, da manipulação da grande mídia, da idiotia de governistas nas redes. Como esquecer do “parecia uma convenção do PSDB” dito sobre o primeiro ato? Parabéns. Dessa vez, parecia mesmo.
A única frente de esquerda que restou foi um bloco de anarquistas, tremulando suas bandeiras rubro-negras, acompanhados, na linha de frente, por um pequeno grupo de skinheads antifascistas. Mais cedo, a massa verde-e-amarelo cercou eles, gritando “sem partido!”. Aí caiu a ficha: ninguém ali sabe nem o que é anarquismo.
Dois jovens conversavam sobre o ataque anterior. “Mas eu voto nulo, cara”, dizia um. “Sim, mas não é desse jeito”, explicava o amigo. Do lado, chega um cidadão nervosíssimo, com uma camiseta do MST, e acaba com o papo: “É o seguinte, pessoal: agora é união antifascista”. Recado entendido, bloco segue em frente, berrando “Fascistas, racistas, não passarão”. Enquanto isso uma parte da malta havia descido para o centro, e acabou trombando o Point, tradicional reunião de pichadores na região da Av. São João. Ali, parece que a esquerda foi vingada.
Siga o André Maleronka no Twitter: @andre_maleronka
Nas manifestações tinhA, VIA Tatiana Roque facebook
Nas manifestações tinha:
- jovens saindo às ruas pela primeira vez, motivados por participar de
um evento coletivo de rua que não era carnaval nem futebol
-alunos de escolas públicas e particulares, em franco processo de
politização, para um lado que ainda não sabemos qual (talvez os do Pedro
II para a esquerda e os do Santo Inácio par a direita, mas não
necessariamente)
-movimentos organizados que já estão aí há séculos: negros,sem-terra, sem-teto...
-infiltrados de direita, skinheads filhos da puta que quiseram sequestrar o ato atacando os grupos acima
-partidos de esquerda PSTU, PSOL, PCO identificados como partidos tout court, e para a infelicidade deles também ao PT
-infiltrados de direita, talvez para militares, enfim filhos da puta que deram porrada em quem era de partido
-militantes do PT e da CUT que acharam corretamente que deviam
participar das manifestações, afinal algumas das pautas são históricas
destes movimentos
-pessoas, simplesmente pessoas, insatisfeitas
com as concessões do governo e dos “políticos”, que não distinguiam
entre um governo e outro, um político e outro e apoiavam os atos contra
os partidos
-pessoas, simplesmente pessoas, que estão de saco
cheio de ver o dinheiro jorrando para estádios e eikes e de não ver
contrapartida à altura em suas condições de vida e de trabalho (ex.
trabalhadores da saúde)
-pessoas, mais pra jovens muito jovens,
que são contra a corrupção, não viram o que havia antes e compram
parcialmente o discurso da mídia que cola estas práticas ao PT
-militantes que já foram muito petistas, como eu, putos com as
concessões do governo aos ruralistas, contra os índios, aos evangélicos,
aos felicianos etc.
-gays e simpatizantes super bem-humorados contra a absurda cura gay
-militantes de esquerda, mais velhos, que já foram pra rua inúmeras
vezes para lutar contra a corrupção, quando o PT era oposição, em uma
luta que não era considerada vazia e sem projeto
-muitos gritos contra a rede Globo, de esquerda e não
-pessoas, simplesmente pessoas, que estão putas
-ah! E os tais “vândalos”. Radicais de direita ou esquerda?
Saqueadores? Jovens que já sofreram muito na mão da polícia e que
queriam dar o troco? Provocadores pagos para desqualificar o ato?
Enfim, podem acrescentar mais, havia muitos atos em um. Mas por favor,
não venham me dizer que foi um ato de direita, fascista, contra a Dilma
ou o PT. No Rio não foi! O único grito que pegava era “Ei Cabral vai
tomar no cú!”. Às vezes Dudu no lugar do Cabral, eu ficava com o meu na
mão esperando a hora que ia entrar Dilma, PT e Lula, mas não colava, uns
ou outros timidamente aqui e ali, mas não colava.
Pessoal, vamos desligar a TV porque não podemos ser pautados pela mídia, nem para concordar nem para discordar.
Um pouco de Foucault senão sufoco: olhar as coisas do ponto de vista da
produção de subjetividades. Os sujeitos se constituem nas lutas, nos
enfrentamentos, nos antagonismos, ficando putos! O processo de
subjetivação destes novos sujeitos políticos está em disputa, está
aberto, em tensão. Bora pra luta, vamos criar agenciamentos,
assembleias, tudo que sonhávamos há anos.
Não adiantam rótulos,
chavões, preguiça ou simplesmente desculpas pra não olhar pro próprio
umbigo e ver os erros que cometemos (nós, da esquerda, do PT!). É hora
de queimar a mufa, ler coisas novas: Foucault, Deleuze, Negri e entender
o que está acontecendo. Devir, multidão é isso! Temos uma grande chance
de praticar nossas filosofias.... fora da universidade (ufa!).
sexta-feira, 21 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
domingo, 16 de junho de 2013
Fronteiras do Pensamento
Fronteiras do Pensamento
Manuel Castells
"O que muda atualmente é que os cidadãos têm um instrumento próprio de informação, auto-organização e automobilização que não existia. Antes, se estavam descontentes, a única coisa que podiam fazer era ir diretamente para uma manifestação de massa organizada por partidos e sindicatos, que logo negociavam em nome das pessoas. Mas, agora, a capacidade de auto-organização é espontânea. Isso é novo e isso são as redes sociais. E o virtual sempre acaba no espaço público. Essa é a novidade. Sem depender das organizações, a sociedade tem a capacidade de se organizar, debater e intervir no espaço público."
Manuel Castells
"O que muda atualmente é que os cidadãos têm um instrumento próprio de informação, auto-organização e automobilização que não existia. Antes, se estavam descontentes, a única coisa que podiam fazer era ir diretamente para uma manifestação de massa organizada por partidos e sindicatos, que logo negociavam em nome das pessoas. Mas, agora, a capacidade de auto-organização é espontânea. Isso é novo e isso são as redes sociais. E o virtual sempre acaba no espaço público. Essa é a novidade. Sem depender das organizações, a sociedade tem a capacidade de se organizar, debater e intervir no espaço público."
As Cidades Rebeldes de David Harvey
As Cidades Rebeldes de David Harvey
Acaba de sair (por enquanto, em inglês), um livro indispensável para quem quer debater crise do capitalismo, degradação social e ambiental das cidades e busca de alternativas. Numa obra curta (206 páginas), intitulada “Cidades Rebeldes”, o geógrafo, urbanista e antropólogo David Harvey sustenta pelo menos três ideias polêmicas e indispensáveis, num tempo de crise financeira, ataque aos direitos sociais, risco de desastre ambiental e… rebeliões contra o sistema. Elas estão expostas em detalhes em entrevista que Harvey concedeu a John Brissenden e Ed Lewis, do excelente site britânico New Left Project.
ler no link
Acaba de sair (por enquanto, em inglês), um livro indispensável para quem quer debater crise do capitalismo, degradação social e ambiental das cidades e busca de alternativas. Numa obra curta (206 páginas), intitulada “Cidades Rebeldes”, o geógrafo, urbanista e antropólogo David Harvey sustenta pelo menos três ideias polêmicas e indispensáveis, num tempo de crise financeira, ataque aos direitos sociais, risco de desastre ambiental e… rebeliões contra o sistema. Elas estão expostas em detalhes em entrevista que Harvey concedeu a John Brissenden e Ed Lewis, do excelente site britânico New Left Project.
ler no link
Por gentileza: tirem Geraldo Alckmin do poder | IMPOSTOR
Por gentileza: tirem Geraldo Alckmin do poder | IMPOSTOR
tem que ler lá no link este horror
tem que ler lá no link este horror
Police Storm Park in Istanbul, Setting Off a Night of Chaos - NYTimes.com
Police Storm Park in Istanbul, Setting Off a Night of Chaos - NYTimes.com
TIM ARANGO, SEBNEM ARSU and CEYLAN YEGINSU Published: June 15, 2013
TIM ARANGO, SEBNEM ARSU and CEYLAN YEGINSU Published: June 15, 2013
ISTANBUL — After 18 days of antigovernment demonstrations that presented a broad rebuke to the country’s leadership, Prime Minister Recep Tayyip Erdogan ordered the riot police to storm the center of the protest movement in Gezi Park on Saturday evening, setting off a night of chaos in downtown Istanbul.
sábado, 15 de junho de 2013
A Batalha do Vinagre: por que o #protestoSP não teve uma, mas muitas hashtags
A Batalha do Vinagre: por que o #protestoSP não teve uma, mas muitas hashtags
#contraouaumento #passelivre #protestosp
#contraouaumento #passelivre #protestosp
quinta-feira, 13 de junho de 2013
quarta-feira, 12 de junho de 2013
A report from Gezi Park
A report from Gezi Park
Following the brutal dispersion and attacks on protesters occupying Gezi Park, Domus publishes an account of the events by sociologist and professor Pelin Tan, with pictures by activist Eunseon Park.
Architecture / Pelin Tan (ESCREVEU)
Following the brutal dispersion and attacks on protesters occupying Gezi Park, Domus publishes an account of the events by sociologist and professor Pelin Tan, with pictures by activist Eunseon Park.
Architecture / Pelin Tan (ESCREVEU)
A Primavera do Direito à Cidade
A Primavera do Direito à Cidade
Por Bernardo Gutierrez | Tradução: Bruna Bernacchio | Imagens: Jamie Bowlby-Whiting
Taksim é nosso, Istambul é nossa!”. Os gritos não pertencem a algum dos jovens que ocuparam o Parque Taksim Gezi, da capital turca, na virada do mês. Tampouco é um mote que esteja correndo o mundo no Twitter, sob a tag #OccupyGezi. “Taksim é nosso” está sendo pronunciado por um cidadão anônimo no vídeo Tkasim Square (Istambul Commons), durante uma manifestação celebrada no outono passado. “Taksim é nosso” – continua a voz no megafone – “não importa as opções políticas que tenham as pessoas”.
O vídeo foi produzido no âmbito do projeto Mapeando o Comum [Mapping the Commons], idealizado pelo estúdio sevilhano Hacktitetura e desenvolvido pelo ativista Pablo de Soto, em Atenas e Istambul. E contextualiza com perfeição a vertiginosa insurreição que está vivendo Istambul e toda a Turquia. O centro comercial planejado pelo governo de Recep Tayyip Erdogan, que incendiou #OccupyGezi, é apenas a ponta de um iceberg maior: um duro plano neoliberal para privatizar bens comuns (águas, bosques) e espaço público. Até que ponto o ataque ao comu, e concretamente a privatização dos espaços urbanos deflagraram a Primavera Turca?
O projeto Mapeando o Comum — definido por seus próprios autores como uma performance que pode tornar-se reflexão, uma obra de arte ou uma ação social — é um verdadeiro passeio pelas raízes de #OccupyGezi. A cartografia, realizada na plataforma Meipi, organiza o comu de Istambul em quatro categorias: bens naturais, cultura, espaço público e digital. Os vídeos publicados, todos com falas parcialmente em inglês, resumem os ataques que o o espaço público sofre na era Erdogan.
“Communication space”, por exemplo, revela, por meio dos protestos dos estudantes universitários, a luta pelo conhecimento e comunicação livres. Em “Water as a commons”, o assunto central é a privatização da gestão da água na região. “For-rest” denuncia que a terceira ponte sobre o estreito de Bósforo, que o governo de Erdogan planeja, implicaria na desaparecimento do bosque Belgrado, pulmão verde da cidade. A repressão no espaço público de manifestações sócio-culturais como festas nas ruas ou o fim da única praça de pedestres (Galata Square) de Istambul são tema os vídeos Cultural expressions in public space e o Galata Tower Square.
Até que ponto a privatização selvagem dos bens comuns naturais e urbanos de Istambul incendiou a revolta de #OccupyGezi? O ativista Pablo de Soto, em declarações ao jornal espanhol El Diario, sustenta que os fatos estão intrinsecamente relacionados: “O corte das árvores para construir um centro comercial para a elite e os turistas foi o pavio de incêndio, o catalizador final dos protestos por justiça social e econômica”.
A arquiteta turca Pelin Tan, em seu artigo Um relato de Gezi Park reforma a tese: “Para o governo turco, as novas políticas urbanas são a desculpa para atos de segragação, para incentivar estilos de vida neoliberais, o progressivo endividamento dos seus cidadãos, exploração, racismo, corrupção, e a instalação de um estado de exceção que viola os direitos humanos”. Por sua vez, a prestigiosa plataforma Architizer também situa os bens comuns urbanos como claro estopim da revolta.
#OccupyGezi é muito mais que um grito ecologista para salvar os árvores de Taksim. Mas não exclusivamente é apenas uma revolta antagonista contra a arrogância macropolítica do governo turco ou a suposta tentativa de islamização da Turquia que, segundo a imprensa ocidental, Erdogan conduz.
continua ver site
Por Bernardo Gutierrez | Tradução: Bruna Bernacchio | Imagens: Jamie Bowlby-Whiting
Taksim é nosso, Istambul é nossa!”. Os gritos não pertencem a algum dos jovens que ocuparam o Parque Taksim Gezi, da capital turca, na virada do mês. Tampouco é um mote que esteja correndo o mundo no Twitter, sob a tag #OccupyGezi. “Taksim é nosso” está sendo pronunciado por um cidadão anônimo no vídeo Tkasim Square (Istambul Commons), durante uma manifestação celebrada no outono passado. “Taksim é nosso” – continua a voz no megafone – “não importa as opções políticas que tenham as pessoas”.
O vídeo foi produzido no âmbito do projeto Mapeando o Comum [Mapping the Commons], idealizado pelo estúdio sevilhano Hacktitetura e desenvolvido pelo ativista Pablo de Soto, em Atenas e Istambul. E contextualiza com perfeição a vertiginosa insurreição que está vivendo Istambul e toda a Turquia. O centro comercial planejado pelo governo de Recep Tayyip Erdogan, que incendiou #OccupyGezi, é apenas a ponta de um iceberg maior: um duro plano neoliberal para privatizar bens comuns (águas, bosques) e espaço público. Até que ponto o ataque ao comu, e concretamente a privatização dos espaços urbanos deflagraram a Primavera Turca?
O projeto Mapeando o Comum — definido por seus próprios autores como uma performance que pode tornar-se reflexão, uma obra de arte ou uma ação social — é um verdadeiro passeio pelas raízes de #OccupyGezi. A cartografia, realizada na plataforma Meipi, organiza o comu de Istambul em quatro categorias: bens naturais, cultura, espaço público e digital. Os vídeos publicados, todos com falas parcialmente em inglês, resumem os ataques que o o espaço público sofre na era Erdogan.
“Communication space”, por exemplo, revela, por meio dos protestos dos estudantes universitários, a luta pelo conhecimento e comunicação livres. Em “Water as a commons”, o assunto central é a privatização da gestão da água na região. “For-rest” denuncia que a terceira ponte sobre o estreito de Bósforo, que o governo de Erdogan planeja, implicaria na desaparecimento do bosque Belgrado, pulmão verde da cidade. A repressão no espaço público de manifestações sócio-culturais como festas nas ruas ou o fim da única praça de pedestres (Galata Square) de Istambul são tema os vídeos Cultural expressions in public space e o Galata Tower Square.
Até que ponto a privatização selvagem dos bens comuns naturais e urbanos de Istambul incendiou a revolta de #OccupyGezi? O ativista Pablo de Soto, em declarações ao jornal espanhol El Diario, sustenta que os fatos estão intrinsecamente relacionados: “O corte das árvores para construir um centro comercial para a elite e os turistas foi o pavio de incêndio, o catalizador final dos protestos por justiça social e econômica”.
A arquiteta turca Pelin Tan, em seu artigo Um relato de Gezi Park reforma a tese: “Para o governo turco, as novas políticas urbanas são a desculpa para atos de segragação, para incentivar estilos de vida neoliberais, o progressivo endividamento dos seus cidadãos, exploração, racismo, corrupção, e a instalação de um estado de exceção que viola os direitos humanos”. Por sua vez, a prestigiosa plataforma Architizer também situa os bens comuns urbanos como claro estopim da revolta.
#OccupyGezi é muito mais que um grito ecologista para salvar os árvores de Taksim. Mas não exclusivamente é apenas uma revolta antagonista contra a arrogância macropolítica do governo turco ou a suposta tentativa de islamização da Turquia que, segundo a imprensa ocidental, Erdogan conduz.
continua ver site
Ozan Varol: How Turks Stopped Worrying and Learned to Love Tear Gas
Ozan Varol: How Turks Stopped Worrying and Learned to Love Tear Gas
1. Turn insults into points of pride.
2. If you get slapped, turn the other cheek.
3. Respond to violence with humor.
4. Keep calm and "capul" on.
5. Circumvent media censorship through creativity.
1. Turn insults into points of pride.
2. If you get slapped, turn the other cheek.
3. Respond to violence with humor.
4. Keep calm and "capul" on.
5. Circumvent media censorship through creativity.
terça-feira, 11 de junho de 2013
Não basta apenas criticar na internet, diz sociólogo Manuel Castells - Terra Brasil
Não basta apenas criticar na internet, diz sociólogo Manuel Castells - Terra Brasil
A primeira semelhança, segundo Castells, é que todos são movimentos em rede, que nasceram na internet, um espaço no qual "não podem ser reprimidos de início". Para o sociólogo, considerado o "principal intelectual conectado" da atualidade, além das redes sociais da internet, como Facebook e Twitter, as redes pessoais são fundamentais para o nascimento desses movimentos. "Nos países árabes, as redes de torcedores que já existiam na internet foram muito importantes", diz Castells, que ainda aponta a ausência de um líder formal em todas essas iniciativas.
"Não nos representam"
A frase comum em todos os movimentos sociais nascidos na era da internet, de acordo com o sociólogo, reflete exatamente o sentimento da população dos países onde há esse tipo de indignação. Castells cita pesquisas que mostram que as pessoas não se sentem representadas pela atual classe política dominante. "Movimentos sociais não são políticos, mas buscam a mudança de cultura", afirma.
Lucas Rohãn Direto de Porto Alegre
Há pontos em comum entre os movimentos que surgiram com a ajuda da internet ao redor do mundo, como a Revolução do Panelaço (2008) na Islândia, a Revolução de Jasmim (2010) na Tunísia, os Indignados (2011) na Espanha ou o Occupy Wall Street (2011) nos Estados Unidos? Para o sociólogo espanhol Manuel Castells, apesar dos contextos distintos, esses movimentos têm mais semelhanças do que diferenças. "Há um padrão em todos esses movimentos", afirma, completando que a ocupação dos espaços públicos é um exemplo. "Há interação constante entre o físico e a internet", diz.
Convidado do Fronteiras do Pensamento na noite desta segunda-feira em Porto Alegre, Castells falou para mais de 1 mil pessoas no salão de atos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e relacionou as semelhanças entre as dezenas de movimentos sociais que, na era da internet, agitaram os quatro cantos do mundo desde 2008, quando a crise financeira na Islândia gerou manifestações que terminaram com a renúncia do governo e a criação de uma nova Constituição com alta participação popular via internet.
Assim como no caso islandês, "o que produz a mudança social é um sentimento de algo insuportável", ou seja, uma forte indignação sobre uma questão local. Para ele, vivemos na sociedade do medo onde "fazer algo contra o sistema é perigoso, qualquer tentativa de revolta é um perigo". O medo só é enfrentado, de acordo com os estudos de Castells, a partir de um sentimento de emoção coletiva que gera raiva e, assim, produz o enfrentamento.
A primeira semelhança, segundo Castells, é que todos são movimentos em rede, que nasceram na internet, um espaço no qual "não podem ser reprimidos de início". Para o sociólogo, considerado o "principal intelectual conectado" da atualidade, além das redes sociais da internet, como Facebook e Twitter, as redes pessoais são fundamentais para o nascimento desses movimentos. "Nos países árabes, as redes de torcedores que já existiam na internet foram muito importantes", diz Castells, que ainda aponta a ausência de um líder formal em todas essas iniciativas.
A ocupação dos espaços públicos é apontada pelo sociólogo como outro ponto em comum entre todos os movimentos. Por quê? "Porque se o que eles estão fazendo é um desafio à ordem institucional, não basta apenas criticar na internet, é necessário que o movimento seja visível", responde. Castells observa que a necessidade das reivindicações ganharem as ruas nasce a partir do momento em que as demais pessoas desejam participar, levar suas ideias e debater suas demandas.
Manuel Castells aponta ainda que todos os movimentos são globais e locais ao mesmo tempo "Eles nascem a partir de demandas locais, mas estão em comunicação constante com o resto do mundo", diz. "Esses movimentos se difundiram muito rápido, mas eles sabiam o que estava acontecendo ao mesmo tempo nos outros países", afirma. Ele cita como exemplo o surgimento do Occupy Wall Street a partir de um grupo de americanos que estava na Espanha e teve contato com o movimento dos Indignados. Ao voltar, uniram-se a estudantes espanhóis nos Estados Unidos para questionar por que o governo socorreu os bancos ao invés das pessoas. "Acho que foi a única coisa que a Espanha exportou para os Estados Unidos", brinca.
A força das imagens, sobretudo daquelas que mostram a repressão sofrida pelos movimentos por parte das polícias, é "o mais importante", segundo Castells. "Quanto mais se reprime, mais força se dá ao movimento", afirma. "As imagens indignantes divulgadas pela internet foram as detonadoras de todos esses movimentos."
"Como eles (os movimentos) não têm ideia de onde vieram e para onde vão, estão em constante auto-avaliação", diz, justificando que a autorreflexão é outro ponto comum em todos os movimentos de indignados.
Princípio da não-violência
"No momento em que o movimento se torna violento, ele morre", afirma Castells. Para ele, todos têm o princípio de não usar a violência, apesar de sofrerem com as táticas de repressão que tentam fazê-los criminosos. "Tenho relatos que na Turquia, por exemplo, gangues a serviço da polícia começaram a atacar", conta. "É sistemático", completa, referindo-se às tentativas dos questionados de desacreditar os movimentos criminalizando-os.
"No momento em que o movimento se torna violento, ele morre", afirma Castells. Para ele, todos têm o princípio de não usar a violência, apesar de sofrerem com as táticas de repressão que tentam fazê-los criminosos. "Tenho relatos que na Turquia, por exemplo, gangues a serviço da polícia começaram a atacar", conta. "É sistemático", completa, referindo-se às tentativas dos questionados de desacreditar os movimentos criminalizando-os.
"Você precisa de muito mais valor para não ser violento. Ser violento é fácil", diz. Ele cita o exemplo da Síria, onde o movimento que nasceu pacífico transformou-se em guerra civil a partir do momento em que interesses internacionais adentraram o movimento. "Guerra civil e movimentos sociais são incompatíveis!"
Abundância de propostas
"Os movimentos têm tanto programa que não têm programa", brinca Castells ao citar como exemplo o Occupy Wall Street, que aprovou em assembleia um programa com mais de 300 propostas. "Essa é a sua deficiência e também a sua força, pois todos têm o poder de propor", diz.
"Os movimentos têm tanto programa que não têm programa", brinca Castells ao citar como exemplo o Occupy Wall Street, que aprovou em assembleia um programa com mais de 300 propostas. "Essa é a sua deficiência e também a sua força, pois todos têm o poder de propor", diz.
"Não nos representam"
A frase comum em todos os movimentos sociais nascidos na era da internet, de acordo com o sociólogo, reflete exatamente o sentimento da população dos países onde há esse tipo de indignação. Castells cita pesquisas que mostram que as pessoas não se sentem representadas pela atual classe política dominante. "Movimentos sociais não são políticos, mas buscam a mudança de cultura", afirma.
"Os movimentos dizem que o mais importante não é o produto, o que conseguiram, mas sim o processo, ou seja, como conseguiram. A partir daí, criam experiências do que poderiam ser outras formas de representação políticas", diz.
Elite política em pânico
Manuel Castells aponta o Movimento Cinco Estrelas, partido político independente que surgiu na internet a partir da insatisfação popular do eleitor italiano com os políticos tradicionais, como exemplo de iniciativas que "estão colocando em pânico as elites políticas". Liderado pelo comediante Beppe Grillo, sobre o qual Castells não expressa simpatia por sua instabilidade emocional, o Cinco Estrelas conquistou importante espaço no cenário político italiano nas últimas eleições. Ele destaca que "um partido que nasceu na internet e escolheu seus candidatos através de um vídeo no YouTube, onde qualquer um poderia se apresentar", se transformou no primeiro partido em número de votos.
Manuel Castells aponta o Movimento Cinco Estrelas, partido político independente que surgiu na internet a partir da insatisfação popular do eleitor italiano com os políticos tradicionais, como exemplo de iniciativas que "estão colocando em pânico as elites políticas". Liderado pelo comediante Beppe Grillo, sobre o qual Castells não expressa simpatia por sua instabilidade emocional, o Cinco Estrelas conquistou importante espaço no cenário político italiano nas últimas eleições. Ele destaca que "um partido que nasceu na internet e escolheu seus candidatos através de um vídeo no YouTube, onde qualquer um poderia se apresentar", se transformou no primeiro partido em número de votos.
Brasil
Questionado sobre a inanição da população brasileira diante dos movimentos sociais, Castells prefere não se aprofundar no tema justificando que não conhece muito bem a realidade brasileira. No entanto, arrisca um palpite: supõe que, com a mudança política ocorrida no Brasil nos últimos 10 anos, citando "um governo de esquerda que chama para si algumas antigas demandas sociais", como o combate à pobreza, "o nível de frustração não é suficiente para que os movimentos sociais assumam" a luta.
Questionado sobre a inanição da população brasileira diante dos movimentos sociais, Castells prefere não se aprofundar no tema justificando que não conhece muito bem a realidade brasileira. No entanto, arrisca um palpite: supõe que, com a mudança política ocorrida no Brasil nos últimos 10 anos, citando "um governo de esquerda que chama para si algumas antigas demandas sociais", como o combate à pobreza, "o nível de frustração não é suficiente para que os movimentos sociais assumam" a luta.
O sociólogo fez várias referências a Porto Alegre como berço de iniciativas populares, mas não se aprofundou em uma análise sobre os movimentos gaúchos. Recentemente, milhares de jovens foram para as ruas na capital do Rio Grande do Sul para protestar contra o anunciado aumento das passagens de ônibus. Depois de uma série de manifestações, uma decisão judicial suspendeu o reajuste.
Turquia: a ameaça é o Twitter
Manuel Castells cita o exemplo mais recente do que chama de "redes de indignação e esperança": a Turquia. Há 11 dias, a forte repressão policial contra manifestantes que protestavam contra a derrubada de um parque em Istambul para dar lugar a um shopping desencadeou uma série de protestos em dezenas de cidades turcas contra o questionado autoritarismo do primeiro-ministro Tayyip Erdogan.
Manuel Castells cita o exemplo mais recente do que chama de "redes de indignação e esperança": a Turquia. Há 11 dias, a forte repressão policial contra manifestantes que protestavam contra a derrubada de um parque em Istambul para dar lugar a um shopping desencadeou uma série de protestos em dezenas de cidades turcas contra o questionado autoritarismo do primeiro-ministro Tayyip Erdogan.
O sociólogo chama de "cínica" a primeira resposta do governo aos protestos que ganharam o país, quando Erdogan se pronunciou antes de uma viagem internacional e alertou para uma "ameaça" chamada Twitter. Castells leu a declaração do ministro turco: "há agora uma ameaça chamada Twitter (...) As maiores mentiras podem ser encontradas lá. Para mim, esta rede social é a pior ameaça para a sociedade."
"É muito difícil controlar o que será escrito nas redes sociais, mas é possível identificar e castigar o emissor da mensagem", alerta o espanhol, citando exemplos de dezenas de ativistas turcos que foram punidos por mensagens divulgadas nas redes.
"Enquanto tivermos capacidade de indignação e de mobilização, poderemos ir para a prática", concluiu Castells para os aplausos do público porto-alegrense.
domingo, 9 de junho de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Praça Taksim: protestos em Istambul pelo direito à cidade
Praça Taksim: protestos em Istambul pelo direito à cidade
Nos últimos dias, tenho procurado acompanhar a cobertura dos meios de comunicação sobre os protestos que estão ocorrendo em Istambul, na Turquia. Infelizmente, as notícias, em geral, não têm apontado as verdadeiras origens da manifestação. Referem-se a um protesto ambientalista contra a demolição de um parque e de suas árvores históricas, ou contra a corrupção da indústria da construção civil, como li no portal de um importante jornal inglês, ou, ainda, como a imprensa europeia e norte-americana têm enfatizado, contra a radicalização da islamização no país, com a adoção de medidas como a proibição da venda de bebidas alcoólicas e do beijo em público.
No dia 27 de maio, de fato, dezenas de pessoas ocuparam o Parque Gezi, que faz parte da Praça Taksim, a maior área pública do tipo no país, em protesto contra a demolição do parque e a construção de um shopping center no local. Desde que foi anunciado, o projeto foi questionado por vários setores da população contrários a sua implementação. Não havendo canais de diálogo, e diante da iminente demolição do parque, não houve outra saída senão a resistência no próprio local, com acampamentos e protestos. A desmedida repressão policial não apenas fez crescer a manifestação – no dia seguinte, milhares de pessoas somaram-se a ela – como também chamou a atenção internacional para a situação. Na manhã do dia 30, a polícia agiu novamente, tocando fogo nas barracas dos manifestantes e lançando gás lacrimogêneo e de pimenta sobre eles. Várias pessoas ficaram feridas e, até onde se sabe, duas morreram.
Na verdade, a transformação da Praça Taksim foi a gota d’água de uma série de projetos adotados pelo governo de Istambul, que têm transformado radicalmente o tecido sócio-territorial da cidade e contra os quais a população tem resistido. Particularmente grave, por exemplo, tem sido o “Sulukule”, projeto de renovação urbana que deslocou moradores tradicionais de áreas centrais para as periferias, além de uma série de privatizações de espaços públicos de uma cidade que tradicionalmente vive as ruas. Contra esse processo, desde 2005 um movimento pelo direito à cidade, inicialmente constituído por profissionais ligados à temática urbana e pessoas afetadas pelas remoções foi ganhando apoio e momentum, até que em maio explodiu a ocupação da Praça Taksim.
O que estamos vendo é, portanto, uma grande manifestação pelo direito à cidade. Mas depois da forte repressão policial, os protestos transformaram-se em mais do que isso… tornaram-se também uma manifestação por liberdade de expressão e contra violações de direitos humanos. Ainda não se sabe como se resolverá o conflito – esperamos que o governo abra urgentemente canais de diálogo com os manifestantes –, mas o fato é que, cada vez mais, fica claro que um modelo de desenvolvimento urbano voltado fundamentalmente para abrir espaços para investimentos imobiliários – em suas vastas conexões com os circuitos financeiros internacionais – está sendo questionado em todo o mundo.
Las pancartas y pintadas de #Gezipark | Entretierras
Las pancartas y pintadas de #Gezipark | Entretierras
Menú del día 1) Democracia avanzada 2) Gas pimienta 3) Gas naranja Menú alternativo: Mucha más libertad |
liberação carregando...entretierras |
terça-feira, 4 de junho de 2013
segunda-feira, 3 de junho de 2013
domingo, 2 de junho de 2013
Erdogan's Dilemma - By Sinan Ulgen | The Middle East Channel
Erdogan's Dilemma - By Sinan Ulgen | The Middle East Channel
The demonstrations started in Istanbul a few days ago. The initial objective was to protect the park in Taksim, Istanbul's central square, from being demolished and replaced by a shopping mall. But the police intervened with excessive force against a peaceful assembly, liberally using tear gas to disperse protesters. Prime Minister Recep Tayyip Erdogan stated that the project will go ahead regardless of the "few" people that oppose it. As a result, this local dispute was unexpectedly transformed into a city and then a nation-wide mass demonstration against his polarizing style.
The demonstrations started in Istanbul a few days ago. The initial objective was to protect the park in Taksim, Istanbul's central square, from being demolished and replaced by a shopping mall. But the police intervened with excessive force against a peaceful assembly, liberally using tear gas to disperse protesters. Prime Minister Recep Tayyip Erdogan stated that the project will go ahead regardless of the "few" people that oppose it. As a result, this local dispute was unexpectedly transformed into a city and then a nation-wide mass demonstration against his polarizing style.
The
mass protests should be seen as a reaction against the ruling AKP and
Prime Minister Erdogan's style of majoritarian governance. By cementing a
pro-government majority and avoiding consensus on sensitive issues,
Erdogan's political strategy has polarized Turkish society. This
majoritarian approach to decision-making has worked well for him so far.
He not only succeeded in setting the agenda for the country, but he also
increased his popular support over three successive elections. But it
now seems that this style of governance has reached the limit of Turkish
society's tolerance. The recent adoption of a law on alcohol that
significantly impedes the marketing, sales and consumption of alcoholic
drinks had already stirred a debate in Turkey about the government's
negligence to take into account the sensitivities of Turkey's
non-conservatives. Moreover, Erdogan's defense of the law by referencing
religious principles only served to provoke the law's secular
opponents. Instead the decision to transform a public park in the
central square of Istanbul into a shopping mall became the rallying
theme for many Turks to demonstrate their dissatisfaction with Erdogan's
leadership.
Compared
to past rallies in Turkey's democratic history, this week's events
stand out for a number of reasons. First, the mass demonstrations are
against the non-participatory style of decision-making adopted by the
Erdogan government, but they are not ideological. They have not been
hijacked or led by any single political party or ideology, as the
protesters hail from disparate backgrounds and represent the rich
diversity of Turkish society. They are composed of youth, women,
football club supporters, trade unionists, college students, NGO
activists and urban professionals.
Second,
there is for the first time a sense of empowerment against a government
that has dominated the political scene for the past decade. This sense
of popular empowerment stands in stark contrast with the dismal
performance of Turkey's parliamentary opposition. The oft-made
comparisons to the Tahrir demonstrations are not correct. Turkey is a
democracy and there is no call for regime change like in Egypt. The only
overlap with Tahrir remains this immense sense of empowerment and
emancipation by the ordinary citizens that have seen the impact they can
have on the political system if they act in unison.
And
then there is the media. Turkey's mainstream media has become the
laughing stock of the country. While Istanbul was burning with tear gas,
Turkish TV channels were busy broadcasting documentaries, cooking shows
or soap operas. The Saturday edition of the pro-government major daily
Sabah has not mentioned the events. The government imposed a blackout
and the widespread self-censorship further discredited the mainstream
media in the eyes of the Turkish public, which turned to international
media outlets or to social media to follow the events on their streets.
Indeed, one clear winner has been social media. Many Turks rushed to
Twitter and the like to witness the rallies in real time. According to a
study conducted by NYU's Social Media and Political Participation
Laboratory, the social media response to and the role of social media in
the protests has been phenomenal. Within a window of 24 hours, at least
2 million tweets mentioning hashtags related to the protest, have been
posted. Even after midnight on Friday, more than 3,000 tweets about the
protest were published every minute.
The
way forward is, however, unclear. Erdogan conceded a small victory on
Saturday to the protesters by withdrawing the police forces from Taksim
square and admitting to their excessive use of force. But more
defiantly, he reiterated his willingness to proceed with the disputed
Taksim square reconstruction project. Yet regardless of how the events
unfold in the coming days, there are two conclusions that can be drawn
even now from this episode of unplanned and yet massive protest
movements that shook one of Europe's largest cities: one is the glaring
need to fundamentally restructure the media in Turkey; and the other the
urgency of behavioral change in Erdogan's leadership style.
The
blatant failure of the Turkish press to fulfill, even minimally, its
role to report events harms the progress of democracy in Turkey.
Consequently, new measures should be legislated, such as forcing media
companies to shed their non-media activities, to ensure that the
independence of the media can be re-established and maintained. Another
set of rules should focus on safeguarding media pluralism.
Although
they do not represent an immediate threat to Erdogan's rule in Turkey,
these mass protests should nonetheless be taken seriously by the Turkish
Prime Minister. Many Turks have grown increasingly disaffected with the
top-down, non-inclusive style of decision-making that has characterized
the later years of the Erdogan government. They are tired of
polarization and strive for more consensual politics. Erdogan needs to
understand this yearning and adopt a more conciliatory mode of
leadership.
But
possibly even more important for Turkey's future political stability is
the increasingly visible gap on the acceptable forms of dissent between
the Turkish leadership and society. Erdogan seems genuinely to believe
that mass protests have no place in a country administered by a strong,
stable and economically successful government. He emphasizes the ballot
box as the venue for social and political stakeholders to show their
disaffection with the government. "Every four years we hold elections
and this nation makes its choice," he said on Saturday. "Those who have
a problem with government's policies can express their opinions within
the framework of law and democracy." But with its maturing and
increasingly pluralistic civil society, Turkey has moved beyond this
more limited definition of democratic freedoms. The Turkish political
leadership, including the Parliamentary opposition, have to readjust
their outlook. Otherwise with the newly found sense of empowerment of
its citizenry, public turbulence in Turkey will become much more common.
Sinan Ulgen is the chairman of the Istanbul based EDAM think tank and
a visiting scholar at Carnegie Europe. His Twitter handle is @sinanulgen1
The Banality of ‘Don’t Be Evil’ by Julian Assange - NYTimes.com
The Banality of ‘Don’t Be Evil’ by Julian Assange - NYTimes.com
“THE New Digital Age” is a startlingly clear and provocative blueprint for technocratic imperialism, from two of its leading witch doctors, Eric Schmidt and Jared Cohen, who construct a new idiom for United States global power in the 21st century. This idiom reflects the ever closer union between the State Department and Silicon Valley, as personified by Mr. Schmidt, the executive chairman of Google, and Mr. Cohen, a former adviser to Condoleezza Rice and Hillary Clinton who is now director of Google Ideas. (...)
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Land of Figs and Olives
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uma análise sobre a situação partidária e relação de forças políticas na Turquia, via Tumblr purplefigtree
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sábado, 1 de junho de 2013
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