segunda-feira, 13 de junho de 2011

Greetings, members of NATO. We are Anonymous.

 reprodução do texto do link para pensar:

“Saudações, membros da OTAN. Somos Anonymous”.
5/6/2011, Your Annon News
Em recente publicação, vocês declararam que os Anonymous seríamos “uma ameaça ao governo e ao povo”. Também disseram que o sigilo seria “mal necessário” e que a transparência nem sempre é o caminho certo a seguir.

Os Anonymous gostaríamos de lembrar-lhes que o governo e o povo são, ao contrário de supostos pilares da “democracia”, entidades distintas que frequentemente têm objetivos e desejos divergentes.

É posição de Anonymous que, quando há conflito de interesses entre o governo e o povo, a prioridade deve ser garantida ao povo, não ao governo. A única ameaça que a transparência cria para os governos está em que a transparência impede que os governos ajam de modo que enfureça o povo sem que, por assim agirem, os governos sofram as consequências democráticas da desaprovação popular; sem que o povo possa manifestar-se por vias democráticas contra um ou outro comportamento dos governos.

O próprio relatório que os membros da OTAN distribuíram cita perfeito exemplo disso: o ataque de Anonymous contra HBGary. Pouco nos importa que HBGary estivesse trabalhando a serviço da ‘segurança’ ou para objetivos militares; suas ações e práticas foram ilegais e moralmente repreensíveis. Anonymous não aceita que o governo e/ou os militares tenham qualquer direito acima da lei e que se sirvam da máscara-clichê da “segurança nacional” para justificar atividades secretas e ilegais.

Se o governo não respeita suas próprias regras, que enfrente as consequências democráticas de seus atos, nas urnas. Não aceitamos o atual status quo, quando o governo pode contar uma história ao povo e outra nos contatos privados. A desonestidade e o sigilo minam completamente o conceito de autodeterminação democrática.

Como o povo poderia decidir em quem votar, sem ser corretamente informado sobre as políticas em que os políticos realmente trabalham?

Quando um governo é eleito, diz-se que ele “representa” a nação que governa. Isso significa, essencialmente, que as ações de um governo não são as ações do povo no governo, mas são ações praticadas em nome de cada cidadão de cada país. Uma situação na qual o povo não tenha qualquer ideia, ou quase ideia alguma, do que esteja sendo dito ou feito em seu nome – sempre dito ou feito atrás de portas fechadas – é inaceitável.

Anonymous e WikiLeaks são entidades distintas. WikiLeaks não solicita nem recebe ajuda dos Anonymous. Mas Anonymous e WikiLeaks partilham uma mesma qualidade: não ameaçam nenhuma entidade ou organização – a menos que a entidade ou organização esteja fazendo algo errado e tentando escapar sem ser vista.

Não ameaçamos o modo de vida de ninguém. Não queremos dar ordens a ninguém. Não queremos assustar nação alguma.

Queremos exclusivamente esvaziar o poder de interesses escusos e devolver o poder ao povo – porque, numa democracia, o povo é que deve ser sempre levado em conta, em primeiro lugar.

O governo faz as leis. O poder de fazer as leis não dá a nenhum governo o poder de atropelar a lei. Se o que algum governo faz é feito às escondidas ou é sabidamente ilegal, nada jamais haverá de “embaraçoso” nas revelações de Wikileaks, nem nenhum escândalo advirá de as pessoas saberem exatamente o que HBGary é ou faz. Escândalos que tenham sido descobertos não são resultado da ação de Anonymous ou de Wikileaks: são resultado do CONTEÚDO das revelações. A responsabilidade por aquele conteúdo é integralmente dos políticos que, como todos os corruptos, pessoas ou entidades, acreditam, simploriamente, que estejam acima da lei e que ‘não podem’ ser apanhados.

Grande parte do que disseram empresas e governos tratou de “como faremos para evitar futuros vazamentos”. As soluções consideraram mais segurança, maior controle na liberação de autorizações de acesso a documentos secretos, penas mais duras para ‘vazadores’ e, até, censura à imprensa.

Nossa mensagem é simples: Basta não mentir ao povo, e nunca terão de preocupar-se por suas mentiras serem divulgadas. Não corrompam, não se corrompam e não facilitem a corrupção, e nunca terão de preocupar-se por a corrupção vir à luz. Não ignorem a lei, e nunca terão de preocupar-se com problemas que só perseguem quem ignora a lei.

Quem tenha duas caras, em nada melhora se cobrir uma delas. Melhor solução é ter sempre uma e a mesma cara – e que seja cara honesta, aberta e democrática.

Vocês sabem que não nos temem por sermos alguma ameaça à sociedade. Vocês nos temem porque somos ameaça à hierarquia estabelecida. Anonymous já provou, ao longo dos anos, que nenhuma hierarquia é necessária para que haja grande progresso. O mais provável é que o que vocês mais temem em nós seja a descoberta e a revelação da irrelevância de vocês, num tempo que já superou a necessidade de confiar em vocês. O que realmente os aterroriza não é um coletivo de ativistas, mas o fato de que vocês e tudo que representam, porque a maré mudou e a tecnologia avançou e caiu em mãos democráticas, já não passam de controles inúteis e ineficazes.

Para terminar, não cometam o erro de desafiar os Anonymous.

Não cometam o erro de pensar que podem degolar uma serpente sem cabeça. Se cortarem uma cabeça da Hydra, dez outras cabeças surgirão para substituí-la. Se cortarem um Anon, dez mais se reunirão a nós, em revolta contra seu ato de traição à democracia e de quebra de confiança.

A única forma de derrotar o movimento que nos une é aceitar as nossas regras.
Esse mundo já não pertence a vocês. Pertence a nós – é o nosso mundo, o mundo do povo.

Somos Anonymous. Somos legião. Não perdoamos. Não esquecemos.

Esperem, e verão.
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