sábado, 15 de julho de 2006
Há locais de memória porque não há mais meios de memória
“A curiosidade pelos lugares onde a memória se cristaliza e se refugia está ligada a este momento particular da nossa história. Momento de articulação onde a consciência da ruptura com o passado se confunde com o sentimento de uma memória esfacelada, mas onde o esfacelamento desperta ainda memória suficiente para que se possa colocar o problema de sua encarnação. O sentimento de continuidade torna-se residual aos locais. Há locais de memória porque não há mais meios de memória.
Pensemos nessa mutilação sem retorno que representou o fim dos camponeses, esta coletividade-memória por excelência cuja voga como objeto da história coincidiu com o apogeu do crescimento industrial. Esse desmoronamento central de nossa memória só é, no entanto, um exemplo. É o mundo inteiro que entrou na dança pelo fenômeno bem conhecido da mundialização, da democratização, da massificação, da mediatização." Pierre Nora In. http://www.dochis.arq.br/htm/numero/num12b.html
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2 comentários:
Penso que nós de certa forma tercerizamos nossa memória. Pior, nem colocamos tudo numa só ânfora. Um pouco no chip do celular, outro tanto no HD deste que de fala... o que será o google afinal ? um oráculo ? Beijos deste R.
"Pensemos nessa mutilação sem retorno que representou o fim dos camponeses, esta coletividade-memória por excelência cuja voga como objeto da história coincidiu com o apogeu do crescimento industrial" (NORA apud CLARA 2006)
Navegava por aqui e eis o que vejo: uma descrição do declínio passivo e irrevogável da vida no campo. E, p'rá reforçar o intempestivo da memória, as imagens escolhidas me colocaram em contato direto com um filme de Polanski que vi recentemente: TESS. Clara, isso é demais!!! Vou rever o fime por causa desta postagem. Que direi? Obrigado.
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