sexta-feira, 28 de abril de 2006

BIOS-BWO


"A noção de vida deixa de ser definida apenas a partir dos processos biológicos que afetam a população. Vida inclui a sinergia coletiva, a cooperação social e subjetiva no contexto de produção material e imaterial contemporânea, o intelecto geral. Vida significa inteligência, afeto, cooperação, desejo. A vida deixa de ser reduzida, assim, a sua definição biológica para tornar-se cada vez mais uma virtualidade molecular da multidão, energia a-orgânica, corpo-sem-órgãos. O bios é redefinido intensivamente, no interior de um caldo semiótico e maquínico, molecular e coletivo, afetivo e econômico, aquém da divisão biológico/mecânico, individual/coletivo, humano/inumano. Assim, a vida ao mesmo tempo se pulveriza e se hibridiza, se dissemina e se alastra, se moleculariza e se totaliza, se descola de sua acepção biológica para ganhar uma amplitude inesperada e ser, portanto, redefinida como poder de afetar e ser afetado, na mais pura herança espinosana. Biopolítica que foi definida por Foucault como poder sobre a vida, passa com Deleuze a designara potência da vida." Peter Pal Pelbart

quinta-feira, 27 de abril de 2006

BWO- desejo


Desejo é o encontro das causas, é aliança de qualidades ativas afluentes. Só há desejo quando há agenciamento de potências ativas. Quando um corpo efetua sua potência a liberdade se potencializa. (Extrato de texto de Raquel Correa).
O corpo circula em um território que é físico e cultural por definição. O corpo re-age à cultura que seleciona e adestra, tornando-se ativo e acionado...
Gilles Deleuze diz que o desejo não comporta qualquer falta e não é um dado natural. Está constantemente articulado a agenciamentos que funcionam. O desejo é processo em vez de ser estrutura ou gênese. Em vez de ser sentimento, o desejo é afeto. O desejo não se refere a subjetividade, mas a “hecceidade” (individualidade de uma jornada, de uma estação, de uma vida). Em vez de ser coisa ou pessoa, o desejo é acontecimento. O desejo implica, sobretudo constituição de um campo de imanência ou de um “corpo sem órgãos” (Body Without Organs-BWO), definido somente por zonas de intensidade, de limiares, de gradientes, de fluxos. Esse corpo é tanto biológico quanto coletivo e político. Os agenciamentos se fazem e se desfazem sobre esse corpo, portador das pontas de desterritorialização, dos agenciamentos ou linhas de fuga. (Deleuze em Desejo e Prazer).

terça-feira, 25 de abril de 2006

CORPO (SEM ÓRGÃOS)_BWO

Corpo existe em termos elementares ou afetivos, dispositivo das potências paixão e ação. O corpo existe em termos de afetar e ser afetado.
Para os estóicos, a essência do corpo é fluxo, única, singular, não genérica, mas sempre diferentes umas das outras. O que Deleuze denominou de hecceidade, que se refere somente a afetos e movimentos locais, velocidades diferenciais, movimento e repouso.
Segundo Deleuze, “tudo se passa na superfície em um cristal que não se desenvolve a não ser pelas bordas. Sem dúvida, não é o mesmo que se dá com um organismo; este não cessa de se recolher em um espaço interior, como de se expandir no espaço exterior, de assimilar e de exteriorizar. Mas as membranas não são aí menos importantes: elas carregam os potenciais e regeneram as polaridades, elas põem precisamente em contacto o espaço exterior independentemente da distância. O interior e o exterior, o profundo e o alto, não têm valor biológico a não ser por esta superfície topológica de contacto. É, pois, até mesmo biologicamente que é preciso compreender que “o mais profundo é a pele” (Gilles Deleuze. Lógica do Sentido)
Deleuze produz conceitos que rompem com as modalidades dominantes de pensar e representar a subjetividade, propondo novos perceptos (novas maneiras de ver e escutar) e novos afetos (novas maneiras de sentir). Conceitos como hecceidade, devir, território, rizoma, dobra, linhas de fuga servem para combater a prioridade do verbo ser. (Extrato de texto de Alex Fabiano Jardim)
Continuando, a essência de um corpo é definida como uma potência, uma tensão. A potência quer agir nas fronteiras, ultrapassar seus limites; por isso os estóicos inventam uma ética com base nessas potências singulares da vida e do pensamento. Ético é permitir a potência ocorrer, a seguir o encontro ocorrer, e finalmente aparecer o sentido do encontro. Nesse encontro os corpos se penetram mutuamente, e se misturam. Os corpos são compostos de qualidades e matérias ativas, ou seja, potência de afetar os outros e ser afetado, de receber ação de outros corpos. O afeto é o encontro, afetar e ser afetado. As qualidades e potências dependem da relação, do encontro. Isto funda a ética do que cada corpo pode.

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Ser afetado...


Háptico (tato ativo) *** é um sistema perceptivo complexo, encarregado de apreender e codificar o estímulo que chega aos receptores cutâneos e cinestésicos. Por percepção háptica se entiende la combinación de la información adquirida a través de la piel que recubre el cuerpo humano y la información obtenida a través del movimiento , o sentido cinestésico\".. \"Se trata de um sistema perceptivo complexo que incorpora e combina informações a partir de distintos subsistemas tácteis, como o cutâneo (percepção da pressão e da vibração), o sistema térmico e as terminações nervosas da dor. Além disso, o sistema háptico inclui também o sistema cinestésico que processa informação sobre a posição e o movimento por meio de receptores existentes em articulações do corpo, músculos e tendões."

O uso ativo do tato para “buscar e adquirir informação” tem sido denominado ***“tato háptico”***. O “sistema háptico” tem sido definido como um sistema perceptual distinto, orientado à discriminação e ao reconhecimento dos objetos por intermédio da manipulação em vez do olhar.
"...É uma aprendizagem ***háptico (do grego ‘haptikós’), que significa táctil***, ou tocar as mãos e também com nosso espírito, submersão na ação para vive-la e, por assim dizer, apalpa-la, faze-la nossa"
http://www.proz.com/kudoz/1235971

sábado, 15 de abril de 2006

Pensamento é um momento que nos leva a emoção


Humberto Maturana salienta o quanto nossa cultura privilegia a formação do indivíduo como um ser que necessita tornar-se competitivo para alcançar o sucesso. Para constatar isso, nos diz Maturana que, basta observar o dilema atual dos estudantes entre preparar-se para o mercado de trabalho competitivo versus o desejo de mudar uma ordem político-cultural geradora de excessivas desigualdades que trazem pobreza e sofrimento material e espiritual com o qual nos deparamos a todo momento em todos os lugares.
Para termos sucesso, temos que competir. Em sua visão, a competição é um fenômeno cultural-humano e não biológico.
Nossa educação hoje se encontra ainda voltada ao racional. Entretanto, todo sistema racional tem um fundamento emocional. A grande dificuldade é que vivemos numa cultura que desvaloriza as emoções. E nós, nos vangloriamos de sermos seres racionais!!!
A emoção para Maturana não é sinônimo de sentimento. Emoções são disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes domínios de ação em que nos movemos. Biologicamente, as emoções são dispositivos corporais que determinam ou especificam domínios de ações. Isso fica evidente quando nos damos conta de como reconhecemos as diferentes emoções em nós e nos outros, observando o domínio de ações ou fazendo uma apreciação sobre o domínio de ações que sua corporalidade conota.
Emoções: “os diferentes domínios de ações possíveis nas pessoas e animais, e as distintas disposições corporais que os constituem ou realizam.” (Humberto Maturana)
Extrato do texto de Maria do Céu Lamarão Battaglia

quinta-feira, 13 de abril de 2006

the explorations of love's quality 2


About Knowledge and Circumstance, or material/immaterial: the explorations of love's quality. by María Isabel Villac (continuação)
"I don't like to see this struggle to become ethereal as a sour reaction against the world, but Istart to think that it is an alienation, a difficulty to believe in the improvement andadaptability of joy and love. I don´t like it either to see it as a surrender to the powerful forcesof human exploitation.I like to see it as the last place of the polarity that frames Western thought, overloads itslimits and, still nowadays, hurts love, nature, the cosmic world we want. How can otherwisebe understood the will to substitute being together by living alone, knowledge gained inconvivial happiness by information, touch by absence of touch, if everything is an option foreverything, and nothing, but nothing at all can be "substitute"? "

quarta-feira, 12 de abril de 2006

the explorations of love's quality


About Knowledge and Circumstance or material/immaterial: the explorations of love's quality. by María Isabel Villac.
"1. Contrary to the Platonic ideal, love has its necessary corporeality. It must be heard, it must be spoken, it must be seen. It must be touched. It must be smelt and felt. At least, like nature, being nature, it must be expressed.
2.The promise we made us is that of 'being together'. Is it a heretical promise (an illusion), since it is wanted also under heaven, on earth, between women and men?" etc....

sábado, 8 de abril de 2006

Quem somos nós?


"Quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser completamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis." Italo Calvino

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Núpcias e não casais nem conjugalidade


“O contrário de um plagiador mas também o contrário de um mestre ou modelo. Uma preparação bem longa mas nada de método nem de regras ou receitas. Núpcias e não casais nem conjugalidade. Ter um saco onde coloco tudo que encontro, com a condição que me coloquem também em um saco. Achar, encontrar, roubar, ao invés de regular, reconhecer e julgar (emitir juízos de valor). (...) Antes ser um varredor do que um juiz. Quanto mais alguém se enganou na vida, mais ele dá lições (...) [e enuncia novas regras]” DELEUZE In DELEUZE & PARNET, 1998, p. 16.

quinta-feira, 6 de abril de 2006

A la nue accablante tu



"as únicas coisas eternas são as nuvens" Mário Quintana
"Dans le si blanc cheveu qui traîne. Avarement aura noyré. Le flanc enfant dúne sirène." Marllamé