quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Holloway: “superar capital explorando fissuras”

Holloway: “superar capital explorando fissuras”

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Autor de “Mudar o mundo sem tomar o poder” lança novo livro e
sustenta: “novas lógicas sociais multiplicam-se; desafio é
articulá-las” 



Por Adriana Delorenzo, na Revista Fórum


Romper com o mundo como ele é e criar um diferente. Esse é o
objetivo de muitos militantes e ativistas. Mas como fazer para construir
uma realidade em que não haja Gaza nem Guantánamo nem poucos
bilionários e 1 bilhão de pessoas morrendo de fome? O cientista político
irlandês, radicado no México, John Holloway traz esse desafio em seu
novo livro Fissurar o capitalismo (Editora Publisher Brasil).
São 33 teses que explicam como criar rupturas no sistema para não
continuar a reproduzi-lo. Do idoso que cultiva hortas verticais em sua
sacada como forma de revolta contra o concreto e a poluição que o cerca.
Do funcionário público que usa seu tempo livre para ajudar doentes com
aids. Da professora que dedica sua vida contra a globalização
capitalista. São diversos exemplos trazidos pelo autor, de pessoas
comuns que recusam a lógica do dinheiro para dar forma a suas vidas. No
entanto, após a rejeição, é preciso tentar fazer algo diferente. É aí
que surge o problema. “As fissuras são sempre perguntas, não respostas.”



Professor da Universidade Autonôma de Puebla, o trabalho de
Holloway tem influência do zapatismo, movimento que há quase 20 anos vem
tentando construir esse outro fazer. No México, essas fissuras têm sido
criadas, sem que se espere por uma revolução futura. Como trazido em
seu primeiro livro traduzido no Brasil, Mudar o mundo sem tomar o poder,
Holloway acredita que pensar em revolução hoje é multiplicar essas
fissuras. “Uma revolução centrada no Estado é um processo altamente
autoantagonista, uma fissura que se expande e se engessa ao mesmo
tempo”, diz o autor na obra recém-lançada. Nesta entrevista à Fórum,
Holloway fala sobre os novos movimentos que vêm tomando as ruas em
diversos países do mundo, inclusive no Brasil.