terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Gaza: waiting for the invasion


Políticas da restauração. Novas direitas e velha esquerda, ou como reciclar o fundo do pote* Judith Revel, nov.2007
(...) Então, o que fazer? Infelizmente, as seduções do poder não são novas. Lastimar as sereias sarkozyanas não fará nascer um novo Ulisses. Em vez disto, indagar o que significa hoje ser de esquerda parece não só obrigatório, mas também absolutamente necessário.
Uma esquerda que seja capaz de impor a Europa dos movimentos contra o simulacro da representação política, de combater a insegurança biopolítica e a precarização da vida, em vez de combater o choque de civilizações, de lutar pelo direito à felicidade, em vez de pregar a tolerância zero, de buscar as diferenças no comum, em vez de a República do cidadão ordinário, conformista, 'médio', sem cara [1].
Uma esquerda capaz de retomar para si o acesso aos saberes e à formação (atualmente entregue de presente à empresa privada, em cenário incrivelmente orwelliano), a renda mínima universal (e não o assistencialismo – além do mais sempre insuficiente – das novas leis para os pobres), de redefinir uma cidadania plena, desterritorializada e sem restrições, em vez da xenofobia e dos nacionalismos. Uma esquerda capaz de pensar de outro modo o trabalho de afirmar a potência da cooperação social e da inteligência comum.
Então, o que fazer? Toda a esquerda, contra os fantasmas daquela restauração pós-mitterandiana devorada pelo novo imperadorzinho. Depois de Napoleão III vem a Comuna de Paris. Façamos comunas, organizemos uma nova Comuna.”
NOTA
[1] No orig. “cittadino qualunquista”. [Arnaldo Carrilho: "Qualunquista" vem de "qualunquismo", movimento italiano dos anos-50 que, à imitacao do "poujadisme" francês, queria representar o "homem comum", ordinário ("qualunque"). Foi uma das frestas remanescentes do neo-fascismo, sempre latente na Italia e já vencedor, com Berlusconi. Faltou-lhe apoios dos capitalistas e da DC. Hoje, o neo-capitalismo tomou conta de tudo. É o novo fascismo.] O melhor uso do adjetivo qualunquista (it.) que encontrei na Internet, pra me ajudar a traduzir, está numa frase de Pasolini, que cabe aqui lindamente: “Lei non ha capito niente perché è un uomo medio. Un uomo medio è un monstro, un pericoloso delinquente, conformista, razzista, schiavista, qualunquista”.
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O texto original está em http://www.posseweb.net/spip.php?article16 tradução do excerto Caia Fitipaldi e Barbara Szaniecki na lista de discussão Universidade Nômade